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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Quem serve merece reconhecimento

Para assinalar a data, a Biblioteca Municipal organizou um programa de atividades para os dias 29 e 30 de novembro, destinado à comunidade em geral.
Na sexta-feira, 29, às 9h30, será aberta ao público a mostra documental “Da fachada do Orfeão Povoense ao edifício da Biblioteca Municipal”, dando a conhecer um pouco da história do edifício atual inaugurado a 30 de novembro de 1991.
Às 10h00, será dado a conhecer o processo de adesão da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto à Rede de Bibliotecas Associadas da UNESCO. Mais de 500 bibliotecas em todo o mundo já são membros da rede. Atualmente, em Portugal são onze as Bibliotecas Públicas associadas. A participação nesta Rede Mundial confere às bibliotecas notoriedade e reconhecimento pelo seu papel de mediadores de informação junto da comunidade.
Depois deste anúncio, haverá uma sessão de Hora do Conto Especial  “Vamos descobrir as bibliotecas” de Luísa Ducla Soares para alunos do 1º CEB.
Às 16h00, o Município poveiro e o Rotary Club da Póvoa de Varzim assinam um protocolo de cooperação para o enriquecimento e organização da Biblioteca da Universidade Sénior - serviço do Rotary Club da Póvoa de Varzim, numa cerimónia a realizar nas instalações da Universidade Sénior.
No dia 30, sábado, às 18h00, será apresentado, na Biblioteca, o livro Aprendizagem Balnear de João Rios.
À noite, serão os mais novos a celebrar o aniversário da Biblioteca numa edição especial da iniciativa “Uma Noite na Biblioteca”, que terá como tema os “Saberes da Biblioteca”, à volta de dois ilustres poveiros, Eça de Queirós e Rocha Peixoto.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Luísa Dacosta encontra-se com público infantil, na Póvoa de Varzim

Professora e escritora, Luísa Dacosta é bem conhecida dos poveiros, sendo também bem conhecida a sua profunda ligação á Biblioteca Municipal, cujas actividades acompanha regularmente.
Luísa Dacosta nasceu em Vila Real, em 1927. Na Faculdade de Letras de Lisboa terminou o curso de histórico-filosóficas, mas não a licenciatura, e sobre a sua formação a escritora revela: “As minhas universidades foram as mulheres de Aver-o-Mar, que murcham aos trinta anos, vivem e morrem na resignação de ter filhos e do os perder, na rotina de um trabalho escravo, sem remuneração, espancadas como animais de carga, e que mesmo afeitas, num treino de gerações, às vezes não aguentam e se suicidam (oh! Senhora das Neves! E tu permites!) depois de um parto, quando o mundo recomeça num vagido de criança! Às mulheres de Aver-o-Mar devo a língua, ao rés do coloquial.”
Professora do ensino oficial, Luísa Dacosta começou a sua vida literária em 1955 com o livro de contos Província. No domínio da ficção, editou: Vovó Ana, Bisavó Filomena e Eu (1969) e Corpo Recusado (1985). No campo da crónica, publicou Aver-o-Mar (1980) e Morrer a Ocidente (1990). Na Água do Tempo (1992) constitui um diário, e no campo ensaístico e crítico escreveuAspectos do Burguesismo Literário (1959) e Notas Literárias (1960).
Nota - Por mera coincidência, também a foto do título do blog, na altura da notícia era a casa onde morou e escreveu durante muitos anos.
Notícia daqui

terça-feira, 4 de maio de 2010

Apresentação do Dr. Manuel Costa - Olhares sobre o Livro e a Leitura

O Dr. Manuel Costa, Director da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, na reunião do Rotary Club da Póvoa de Varzim, do dia 27 de Abril e realizada naquele edifício, dissertou sobre os Olhares sobre o Livro e a Leitura, com base no Power Point que publicamos, permitindo assim que quem não foi a possibilidade de ficar a saber o que nem todos sabíamos.
Obrigado Dr. Manuel Costa

Reunião rotária aberta, na Biblioteca Municipal

Biblioteca Municipal Rocha Peixoto
Saudação as Bandeiras
(da esq. para a dir.) Comp. Alberto Eiras, Dr. Manuel Costa - Director da Biblioteca Municipal e Palestrante, Comp. PGD Madureira Pires, Comp. Joaquim Craveiro - Presidente 20010/11, Miguel Loureiro - Presidente 2009/10 e ,Comp. Saldanha Rosa
Momento do Protocolo
Comp. Jorge Caimoto
Mesa Principal
Momento do Presidente, justificando a reunião e o tema e agradecendo a hospitalidade
Mesa Principal - O Dr. Manuel Costa dizendo da satisfação de receber o Rotary Club da Póvoa de Varzim, integrando-se na comemoração do "Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor"
A assistência, composta por rotários e não-rotários
O palestrante, dando a Palestra: "Olhares sobre o Livro e a Leitura", um balanço rigoroso sobre o funcionamento e funcionalidades da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto
Outra panorâmica da assistência
Outro interveniente no tema, o Dr. Luís Diamantino, Vereador da Cultura da CMPV
Questões colocadas pelos assistentes
Encerramento
Encerramento da reunião, com mais agradecimentos e o anúncio de nova reunião aberta, no Museu Municipal, no "Dia Internacional dos Museus", mais uma vez com a parceria da CMPV.

No fim da reunião, por gentileza e simpatia, a Biblioteca Municipal ofereceu livros a cada participante, sobre o Boletim Cultural, Rocha Peixoto, Luís Martins e Sandra Araújo de Amorim.
E mais uma vez, obrigado de todos os participantes.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro - Reunião na Biblioteca Municipal

Como ensinar o prazer de ler - Rubem Alves

Não se pode ensinar as delícias do amor com aulas de anatomia e fisiologia dos órgãos sexuais. Se assim fosse, o livro "Cântico dos Cânticos", que está na Bíblia, nunca teria sido escrito. Não se pode ensinar o prazer da leitura com aulas sobre as ciências da linguagem. O conhecimento da gramática e das ciências da interpretação não faz poetas. Noel Rosa sabia disso e cantou: "Samba não se aprende no colégio...".
Tomei o livro de poemas de Robert Frost e li um dos seus mais famosos poemas. "Os bosques são belos, sombrios, fundos. Mas há muitas milhas a andar e muitas promessas a guardar antes de poder dormir. Sim, antes de poder dormir."
Li vagarosamente. Porque cada poema tem um andamento que lhe é próprio. Como na música. Se o primeiro movimento da "Sonata ao Luar", de Beethoven, que todos já ouviram e desejam ouvir de novo, "adagio sostenuto", fosse tocado exactamente as mesmas notas! — como "presto", rapidamente a sua beleza se iria. Ficaria ridículo. Porque o "presto" é incompatível com aquilo que o primeiro movimento está dizendo. O tempo de uma peça musical pertence à sua própria essência.
Já sugeri que os escritores deveriam imitar os compositores, que, como medida protectora da beleza, colocam, ao início de uma peça, uma informação sobre o tempo em que ela deve ser tocada: grave, andante, "vivace", "maestoso", alegro. Cada texto literário tem também o seu próprio tempo.
Há textos que devem ser lidos ao ritmo de uma criança pulando corda e dando risadas. Como o poema "Leilão de Jardim", de Cecília Meireles: "Quem me compra um jardim com flores? Borboletas de muitas cores, lavadeiras e passarinhos, ovos verdes e azuis nos ninhos?". O poema inteiro é marcado por essa alegria infantil, saltitante. Quando se passa para a sua "Elegia", escrita para a sua avó morta, o clima é outro. Há uma tristeza profunda. Há de se ler lentamente, com sofrimento: "Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos. Tive medo de a enxugar: para não saberes que tinha caído".
Li vagarosamente. O poema pede para ser lido vagarosamente. Terminada a leitura, não me atrevi a dizer nada. É preciso que haja silêncio. A música só existe sobre um fundo de silêncio. É no silêncio que a beleza coloca os seus ovos. É no silêncio que as palavras são chocadas. É no silêncio que se ouve aquela outra voz mencionada por Fernando Pessoa, voz habitante dos interstícios das palavras do poeta.
(Por isso fico profundamente irritado quando alguém fala enquanto a música é tocada. É como se estivesse a ver uma partida de futebol enquanto faz amor...)
Passados alguns momentos de silêncio (como o silêncio que existe entre os dois movimentos de uma sonata), pus-me a ler o mesmo poema de novo, com a mesma música. E aí, então, no silêncio que se seguiu à segunda leitura, ouvi um soluço no fundo da sala. Uma jovem chorava. Jamais me passaria pela cabeça que ela estivesse chorando por causa do poema. Embora ele me comova muito, minha comoção nunca chegou ao choro. Pensei que se tratasse de um sofrimento de sua vida privada. Diante de um soluço, tudo pára. Agora, o que importava não era o poema, era aquele soluço.
"O que aconteceu?", perguntei. "Não sei, professor. Esse poema me deu uma tristeza imensa." Eu quis entender: "Mas o que, no poema, lhe deu tristeza?". "Não sei, professor. Só sei que esse poema me faz chorar..." Lembrei-me de Fernando Pessoa: "E a melodia que não havia, se agora a lembro, faz-me chorar". Grande mistério, esse: o que não há e que provoca o choro.
Como disse Paul Valéry, vivemos pelo poder das coisas que não existem. Por isso, os deuses são tão poderosos... (Essa jovem, que assim me marcou de forma inesquecível, pouco tempo depois morreu num desastre de carro. Espero que ela, no outro mundo, tenha visitado os bosques "belos, sombrios e fundos" de Robert Frost.)
Houve beleza e mistério porque eu não me meti a interpretar o poema. E, no entanto, a interpretação de textos parece ser uma das obsessões dos programas escolares. Se o meu propósito fosse interpretar o poema de Frost, para aproveitar o tempo, eu o teria lido um pouco mais depressa, teria desprezado o silêncio e não teria repetido a leitura.
Essas coisas nada têm a ver com a interpretação. A interpretação acontece a partir daquilo que está escrito — se devagar ou depressa, não importa. Minha primeira pergunta teria sido: "O que é que Robert Frost queria dizer?".
Toda a interpretação começa com essa pergunta. É a pergunta que surge numa zona de obscuridade: há sombras no texto. O intérprete é um ser luminoso. Não suporta sombras. Ele traz suas lanternas, suas ideias claras e distintas, e trata de iluminar os bosques sombrios... Não percebe que, ao tentar iluminar os bosques, dele fogem as criaturas encantadas que habitam as sombras. Esquecem-se do que disse Gaston Bachelard: "Parece que existem em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxuleante...". O inconsciente é um bosque sombrio... (Continuamos a conversa no mês que vem...)
Rubem Alves, 70, é educador e escritor, autor de "Quando Eu Era Menino" (Papirus), "Lições de Feitiçaria" (Loyola), "Pai Nosso" (Paulus) e "Ao Professor com Meu Carinho" (Verus), entre outros. Actualmente, dedica-se às releituras de "Zorba, o Grego", de Nikos Kazantzakis, "Cem anos de Solidão", de Gabriel Garcia Márquez, e "Grande Sertão: Veredas", de João Guimarães Rosa.
Texto daqui 
Imagem de Marcelo Zocchio, daqui 

O livro é passaporte, é bilhete de partida

Desconheço liberdade maior e mais duradoura do que esta do leitor ceder-se à escrita do outro, inscrevendo-se entre as suas palavras e os seus silêncios. Texto e leitor ultrapassam a solidão individual para se enlaçarem pelas interacções. Esse abraço a partir do texto é soma das diferenças, movida pela emoção, estabelecendo um encontro fraterno e possível entre leitor e escritor. Cabe ao escritor estirar sua fantasia para, assim, o leitor projectar seus sonhos.
As palavras são portas e janelas. Se debruçamos e reparamos, nos inscrevemos na paisagem. Se destrancamos as portas, o enredo do universo nos visita. Ler é somar-se ao mundo, é iluminar-se com a claridade do já decifrado. Escrever é dividir-se.
Cada palavra descortina um horizonte, cada frase anuncia outra estação. E os olhos, tomando das rédeas, abrem caminhos, entre linhas, para as viagens do pensamento. O livro é passaporte, é bilhete de partida.
A leitura guarda espaço para o leitor imaginar sua própria humanidade e apropriar-se de sua fragilidade, com seus sonhos, seus devaneios e sua experiência. A leitura acorda no sujeito dizeres insuspeitados enquanto redimensiona seus entendimentos.
Há trabalho mais definitivo, há acção mais absoluta do que essa de aproximar o homem do livro?
Experimento a impossibilidade de trancar os sentidos para um repouso. O corpo vivo vive em permanente e vários níveis de leitura. Não há como ausentar-se, definitivamente, deste enunciado, enquanto somos no mundo. O corpo sabe e duvida. A dúvida gera criações, enquanto a certeza traça fanatismos.
Reconheço, porém, um momento em que se dá o definitivo acontecimento: a certeza de que o mundo pessoal é insuficiente. Há que buscar a si mesmo na experiência do outro e inteirar-se dela. Tal movimento atenua as fronteiras e a palavra fertiliza o encontro.
Acredito que ler é configurar uma terceira história, construída parceiramente a partir do impulso movedor contido na fragilidade humana, quando dela se toma posse. A fragilidade que funda o homem é a mesma que o inaugura, mas só a palavra anuncia.
A iniciação à leitura transcende o acto simples de apresentar ao sujeito as letras que aí estão já escritas. É mais que preparar o leitor para a decifração das artimanhas de uma sociedade que pretende também consumi-lo. É mais do que a incorporação de um saber frio, astutamente construído.
Fundamental, ao pretender ensinar a leitura, é convocar o homem para tomar da sua palavra. Ter a palavra é, antes de tudo, munir-se para fazer-se menos indecifrável. Ler é cuidar-se, rompendo com as grades do isolamento. Ler é evadir-se com o outro, sem contudo perder-se nas várias faces da palavra. Ler é encantar-se com as diferenças.
Bartolomeu Campos Queirós - Mineiro, graduado em Filosofia com especialidade em arte-educação pelo Instituto Pedagógico Nacional de Paris, escritor e poeta premiado nacional e internacionalmente, conferencista e autor de publicações sobre educação e leitura. Membro do Comité Estratégico do Leia Brasil - Programa de Leitura da Petrobrás.
Texto daqui
Imagem daqui

domingo, 25 de abril de 2010

CONVITE - Olhares sobre o Livro e a Leitura

O Livro – Wikipédia

180px-Gutenberg_bible_Old_Testament_Epistle_of_St_Jerome Uma página da Bíblia de Gutenberg (Velho testamento)

Livro é um volume transportável, composto por páginas encadernadas, contendo texto manuscrito ou impresso e/ou imagens e que forma uma publicação unitária (ou foi concebido como tal) ou a parte principal de um trabalho literário, científico ou outro.
Em ciência da informação o livro é chamado monografia, para distingui-lo de outros tipos de publicação como revistas, periódicos, teses, tesauros, etc.
O livro é um produto intelectual e, como tal, encerra conhecimento e expressões individuais ou colectivas. Mas também é nos dias de hoje um produto de consumo, um bem e sendo assim a parte final de sua produção é realizada por meios industriais (impressão e distribuição). A tarefa de criar um conteúdo passível de ser transformado em livro é tarefa do autor. Já a produção dos livros, no que concerne a transformar os originais em um produto comercializável, é tarefa do editor, em geral contratado por uma editora. Outra função associada ao livro é a colecta e organização e indexação de colecções de livros, típica do bibliotecário. Finalmente, destaca-se também o livreiro cuja função principal é de disponibilizar os livros editados ao público em geral, vendendo-os nas livrarias generalistas ou de especialidade. Compete também ao livreiro todo o trabalho de pesquisa que vá ao encontro da vontade dos leitores.
História
A história do livro é uma história de inovações técnicas que permitiram a melhora da conservação dos volumes e do acesso à informação, da facilidade em manuseá-lo e produzi-lo. Esta história é intimamente ligada às contingências políticas e económicas e à história de ideias e religiões.
Antiguidade
Na Antiguidade surge a escrita, anteriormente ao texto e ao livro. A escrita consiste de código capaz de transmitir e conservar noções abstractas ou valores concretos, em resumo: palavras. É importante destacar aqui que o meio condiciona o signo, ou seja, a escrita foi em certo sentido orientada por esse tipo de suporte; não se esculpe em papel ou se escreve no mármore.
Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra. A seguir veio o khartés (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido), que consistia em um cilindro de papiro, facilmente transportado. O "volumen" era desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um "volumen" era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros.
O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada, livrada (latim libere, livre) do restante da planta - daí surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro em português. Os fragmentos de papiros mais "recentes" são datados do século II a.C..
Aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho, excerto de couro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo. O nome pergaminho deriva de Pérgamo, cidade da Ásia menor onde teria sido inventado e onde era muito usado. O "volumen" também foi substituído pelo códex, que era uma compilação de páginas, não mais um rolo. O códex surgiu entre os gregos como forma de codificar as leis, mas foi aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos da Era Cristã. O uso do formato códice (ou códice) e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro.
Uma consequência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no livro como objecto, identificando definitivamente a obra com o livro.
A consolidação do códex acontece em Roma, como já citado. Em Roma a leitura ocorria tanto em público (para a plebe), evento chamado recitatio, como em particular, para os ricos. Além disso, é muito provável que em Roma tenha surgido pela primeira vez a leitura por lazer (voluptas), desvinculada do senso prático que a caracterizara até então. Os livros eram adquiridos em livrarias. Assim aparece também a figura do editor, com Atticus, homem de grande senso mercantil. Algumas obras eram encomendadas pelos governantes, como a Eneida, encomendada a Virgílio por Augusto.
Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento do códice, pois a partir de então tornou-se mais fácil distribuir informações em forma escrita.
Idade Média
Na idade Média o livro sofre um pouco, na Europa, as consequências do excessivo fervor religioso, e passa a ser considerado em si como um objecto de salvação. A característica mais marcante da Idade Média é o surgimento dos monges copistas, homens dedicados em período integral a reproduzir as obras, herdeiros dos escribas egípcios ou dos libraii romanos. Nos mosteiros era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textos didácticos, destinados à formação dos religiosos.
O livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em branco. Também surge a pontuação no texto, bem como o uso de letras maiúsculas. Também aparecem índices, sumários e resumos, e na categoria de géneros, além do didáctico, aparecem os florilégios (colectâneas de vários autores), os textos auxiliares e os textos eróticos. Progressivamente aparecem livros em língua vernácula, rompendo com o monopólio do latim na literatura. O papel passa a substituir o pergaminho.
Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade Média, foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, e o conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias. Foi em 1405 surgia na China, por meio de Pi Sheng, a máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida por Johannes Gutenberg.
A Epopeia de Gilgamesh é o livro mais antigo conhecido.
Idade Moderna
No Ocidente, em 1455, Johannes Gutenberg inventa a imprensa com tipos móveis reutilizáveis, o primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em latim. Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação. Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popularizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela redução enorme dos custos da produção em série.
Com o surgimento da imprensa desenvolveu-se a técnica da tipografia, da qual dependia a confiabilidade do texto e a capacidade do mesmo para atingir um grande público. As necessidades do tipo móvel exigiram um novo desenho de letras; caligrafias antigas, como a Carolíngea, estavam destinadas ao ostracismo, pois seu excesso de detalhes e fios delgados era impraticável, tecnicamente.
Uma das figuras mais importantes do início da tipografia é o italiano Aldus Manutius. Ele foi importante no processo de maturidade do projecto tipográfico, o que hoje chamaríamos de design ou editorial. A maturidade desta nova técnica levou, entretanto, cerca de um século.
Portugal
Em Portugal, a imprensa foi introduzida no tempo do rei D. João II. O primeiro livro impresso em território nacional foi o Pentateuco, impresso em Faro em caracteres hebraicos no ano de 1487. Em 1488 foi impresso em Chaves o Sacramental de Clemente Sánchez de Vercial, considerado o primeiro livro impresso em língua portuguesa, e em 1489 e na mesma cidade, o Tratado de Confissom. A impressão entrava em Portugal pelo nordeste transmontano. Só na década de noventa do século XV é que seriam impressos livros em Lisboa, no Porto e em Braga.
Na idade Moderna aparecem livros cada vez mais portáteis, inclusive os livros de bolso. Estes livros passam a trazer novos géneros: o romance, a novela, os almanaques.
Idade Contemporânea
Cada vez mais aparece a informação não-linear, seja por meio dos jornais, seja da enciclopédia. Novos media acabam influenciando e relacionando-se com a indústria editorial: os registos sonoros, a fotografia e o cinema.
O acabamento dos livros sofre grandes avanços, surgindo aquilo que conhecemos como edições de luxo. Actualmente, a Bíblia é o livro mais vendido do mundo.
Livro electrónico
De acordo com a definição dada no início deste artigo, o livro deve ser composto de um grupo de páginas encadernadas e ser portável. Entretanto, mesmo não obedecendo a essas características, surgiu em fins do século XX o livro electrónico, ou seja, o livro num suporte electrónico, o computador. Ainda é cedo para dizer se o livro electrónico é um continuador do livro típico ou uma variante, mas como media ele vem ganhando espaço, o que de certo modo amedronta os amantes do livro típico - os bibliófilos.
Existem livros electrónicos disponíveis tanto para computadores de mesa quanto para computadores de mão, os palmtops. Uma dificuldade que o livro electrónico encontra é que a leitura num suporte de papel é cerca de 1,2 vez mais rápida do que em um suporte electrónico, mas pesquisas vêm sendo feitas no sentido de melhorar a visualização dos livros electrónicos.
A produção do livro
A criação do conteúdo de um livro pode ser realizada tanto por um autor sozinho quanto por uma equipe de colaboradores, pesquisadores, co-autores e ilustradores. Tendo o manuscrito terminado, inicia a busca de uma editora que se interesse pela publicação da obra (caso não tenha sido encomendada). O autor oferece ao editor os direitos de reprodução industrial do manuscrito, cabendo a ele a publicação do manuscrito em livro. As suas funções do editor são intelectuais e económicas: deve seleccionar um conteúdo de valor e que seja vendável em quantidade passível de gerar lucros ou mais-valias para a empresa. Modernamente o desinteresse de editores comerciais por obras de valor mas sem garantias de lucros tem sido compensado pela actuação de editoras universitárias (pelo menos no que tange a trabalhos científicos e artísticos).
Cabe ao editor sugerir alterações ao autor, com vista a ajustar o livro ao mercado. Essas alterações podem passar pela editoração do texto, ou pelo acréscimo de elementos que possam beneficiar a utilização/comercialização do mesmo pelo leitor. Uma editora é composta pelo Departamento editorial, de produção, comercial, de Marketing, assim como vários outros serviços necessários ao funcionamento de uma empresa, podendo variar consoante as funções e serviços exercidos pela empresa. Na mesma trabalham os editores, revisores, gráficos e designers, capistas, etc. Uma editora não é necessariamente o produtor do livro, sendo que quase sempre essa função de reprodução mecânica de um original editado é feita por oficinas gráficas em regime de prestação de serviço. Dessa forma, o trabalho industrial principal de uma editora é confeccionar o modelo de livro-objeto, trabalho que se dá através dos processos de edição e composição gráfica/digital.
Livros
A fase de produção do livro é composta pela impressão (posterior à imposição e montagem em caderno - hoje em dia digital), o alceamento e o encapamento. Podendo ainda existir várias outras funções adicionais de acréscimo de valor ao produto, nomeadamente à capa, com a plastificação, relevos, pigmentação, e outros acabamentos.
Terminada a edição do livro, ele é embalado e distribuído, sendo encaminhado para os diferentes canais de venda, como os livreiros, para daí chegar ao público final.
Pelo exposto acima, talvez devêssemos considerar que a categoria livro seja a concepção de uma colecção de registos em algum suporte capaz de transmitir e conservar noções abstractas ou valores concretos. No início de 2007, foi noticiada a invenção e fabricação, na Alemanha, de um papel electrónico, no qual são escritos livros.
Classificação dos livros
Os livros actualmente podem ser classificados de acordo com seu conteúdo em duas grandes categorias: livros de leitura sequencial e obras de referência.
Obras de referência
§ anuário
§ bibliografia
§ dicionário
§ manual
§ enciclopédia
§ guia turístico
§ livro didáctico
§ relatório
§ vade-mécum
§ poesias
Cânones da literatura ocidental
Não é raro que se procure uma indicação de clássicos da literatura. Em 1994, o crítico americano Harold Bloom publicou a obra O Cânone Ocidental, em que discutia a influência dos grandes livros na formação do gosto e da mentalidade do ocidente. Bloom considera a tendência de se abandonar o esforço em se criar cânones culturais nas universidades, para evitar problemas ideológicos, problemática para o futuro da educação.

Texto e gravura da Wikipédia