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quinta-feira, 29 de abril de 2010

...do CONCERTO

Havia um Concerto com Canto e Piano, mas às 16H30, soubemos que o Raul Peixoto Costa, por doença súbita, estava impedido de actuar... A Raquel não se desconsertou e foi o bastante para não se pensar em cancelar o espectáculo. Fizeram-se contactos para vários acompanhadores, que garantissem dar suporte à voz, mas uns não estavam, outros não aceitavam, até que surgiu um, que disse que ia tentar, se lhe mandassem as partituras, para ver se as conhecia e se conseguiria em tão pouco tempo, sustentar o evento. Pediu-se que viesse logo que recebesse as partituras e assim fez, o Sérgio Gama, de Vila nova de Gaia, que chegou à Pórvoa por volta das 18 horas.
Sem nunca ter tocado as músicas que a Raquel ia cantar, sentou-se ao piano e lá foi, à primeira, acompanhando e dando provas de ser capaz de levar a sua água ao nosso moinho... E levou, aceitando ir até ao fim do espectáculo, ficando os dois artistas a ensaiar mais umas duas horas.
Alterou-se o Programa na hora eliminando os solos do Raul, encaixando um Momento de Poesia com o consagrado Dr. Aurelino Costa (pai do Raul), acompanhado pela violetista (surgida das circunstâncias) Susana Magalhães e pronto.
Dos imprevistos e improvisos, nasceu uma sessão de hora e meia, em que a magia da arte, mais a solidariedade, a que se acrescentou o profissionalismo dos artistas e o desenrasca português, deu por bem empregue, o tempo e o donativo com que cada um entendeu comparticipar.
O primeiro Ensaio
A actuação do acompanhador
A figura, a performance e a voz encantadora da Raquel Camarinha
A poesia pelo Dr. Aurelino Costa, com o eco da música de Susana Magalhães

Contas feitas, correu tudo bem, porque tudo acabou bem e porque tinha que correr e porque tinha que ser bem.
Obrigado à Raquel Camarinha, ao Sérgio Gama, ao Aurelino Costa, à Susana Magalhães e ao Companheiro João Paulo Costa e Silva, que nos presenteou com um Power Point sobre o Rotary e o nosso clube.
Foi a primeira iniciativa do género que o R. C. da Póvoa de Varzim organizou e ficou provado que se deverá repetir, em cada ano, até ser tradição.
A abertura do espectáculo.

Rotary International e o R.C. da Póvoa de Varzim

quarta-feira, 28 de abril de 2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro - Reunião na Biblioteca Municipal

Como ensinar o prazer de ler - Rubem Alves

Não se pode ensinar as delícias do amor com aulas de anatomia e fisiologia dos órgãos sexuais. Se assim fosse, o livro "Cântico dos Cânticos", que está na Bíblia, nunca teria sido escrito. Não se pode ensinar o prazer da leitura com aulas sobre as ciências da linguagem. O conhecimento da gramática e das ciências da interpretação não faz poetas. Noel Rosa sabia disso e cantou: "Samba não se aprende no colégio...".
Tomei o livro de poemas de Robert Frost e li um dos seus mais famosos poemas. "Os bosques são belos, sombrios, fundos. Mas há muitas milhas a andar e muitas promessas a guardar antes de poder dormir. Sim, antes de poder dormir."
Li vagarosamente. Porque cada poema tem um andamento que lhe é próprio. Como na música. Se o primeiro movimento da "Sonata ao Luar", de Beethoven, que todos já ouviram e desejam ouvir de novo, "adagio sostenuto", fosse tocado exactamente as mesmas notas! — como "presto", rapidamente a sua beleza se iria. Ficaria ridículo. Porque o "presto" é incompatível com aquilo que o primeiro movimento está dizendo. O tempo de uma peça musical pertence à sua própria essência.
Já sugeri que os escritores deveriam imitar os compositores, que, como medida protectora da beleza, colocam, ao início de uma peça, uma informação sobre o tempo em que ela deve ser tocada: grave, andante, "vivace", "maestoso", alegro. Cada texto literário tem também o seu próprio tempo.
Há textos que devem ser lidos ao ritmo de uma criança pulando corda e dando risadas. Como o poema "Leilão de Jardim", de Cecília Meireles: "Quem me compra um jardim com flores? Borboletas de muitas cores, lavadeiras e passarinhos, ovos verdes e azuis nos ninhos?". O poema inteiro é marcado por essa alegria infantil, saltitante. Quando se passa para a sua "Elegia", escrita para a sua avó morta, o clima é outro. Há uma tristeza profunda. Há de se ler lentamente, com sofrimento: "Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos. Tive medo de a enxugar: para não saberes que tinha caído".
Li vagarosamente. O poema pede para ser lido vagarosamente. Terminada a leitura, não me atrevi a dizer nada. É preciso que haja silêncio. A música só existe sobre um fundo de silêncio. É no silêncio que a beleza coloca os seus ovos. É no silêncio que as palavras são chocadas. É no silêncio que se ouve aquela outra voz mencionada por Fernando Pessoa, voz habitante dos interstícios das palavras do poeta.
(Por isso fico profundamente irritado quando alguém fala enquanto a música é tocada. É como se estivesse a ver uma partida de futebol enquanto faz amor...)
Passados alguns momentos de silêncio (como o silêncio que existe entre os dois movimentos de uma sonata), pus-me a ler o mesmo poema de novo, com a mesma música. E aí, então, no silêncio que se seguiu à segunda leitura, ouvi um soluço no fundo da sala. Uma jovem chorava. Jamais me passaria pela cabeça que ela estivesse chorando por causa do poema. Embora ele me comova muito, minha comoção nunca chegou ao choro. Pensei que se tratasse de um sofrimento de sua vida privada. Diante de um soluço, tudo pára. Agora, o que importava não era o poema, era aquele soluço.
"O que aconteceu?", perguntei. "Não sei, professor. Esse poema me deu uma tristeza imensa." Eu quis entender: "Mas o que, no poema, lhe deu tristeza?". "Não sei, professor. Só sei que esse poema me faz chorar..." Lembrei-me de Fernando Pessoa: "E a melodia que não havia, se agora a lembro, faz-me chorar". Grande mistério, esse: o que não há e que provoca o choro.
Como disse Paul Valéry, vivemos pelo poder das coisas que não existem. Por isso, os deuses são tão poderosos... (Essa jovem, que assim me marcou de forma inesquecível, pouco tempo depois morreu num desastre de carro. Espero que ela, no outro mundo, tenha visitado os bosques "belos, sombrios e fundos" de Robert Frost.)
Houve beleza e mistério porque eu não me meti a interpretar o poema. E, no entanto, a interpretação de textos parece ser uma das obsessões dos programas escolares. Se o meu propósito fosse interpretar o poema de Frost, para aproveitar o tempo, eu o teria lido um pouco mais depressa, teria desprezado o silêncio e não teria repetido a leitura.
Essas coisas nada têm a ver com a interpretação. A interpretação acontece a partir daquilo que está escrito — se devagar ou depressa, não importa. Minha primeira pergunta teria sido: "O que é que Robert Frost queria dizer?".
Toda a interpretação começa com essa pergunta. É a pergunta que surge numa zona de obscuridade: há sombras no texto. O intérprete é um ser luminoso. Não suporta sombras. Ele traz suas lanternas, suas ideias claras e distintas, e trata de iluminar os bosques sombrios... Não percebe que, ao tentar iluminar os bosques, dele fogem as criaturas encantadas que habitam as sombras. Esquecem-se do que disse Gaston Bachelard: "Parece que existem em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxuleante...". O inconsciente é um bosque sombrio... (Continuamos a conversa no mês que vem...)
Rubem Alves, 70, é educador e escritor, autor de "Quando Eu Era Menino" (Papirus), "Lições de Feitiçaria" (Loyola), "Pai Nosso" (Paulus) e "Ao Professor com Meu Carinho" (Verus), entre outros. Actualmente, dedica-se às releituras de "Zorba, o Grego", de Nikos Kazantzakis, "Cem anos de Solidão", de Gabriel Garcia Márquez, e "Grande Sertão: Veredas", de João Guimarães Rosa.
Texto daqui 
Imagem de Marcelo Zocchio, daqui 

O livro é passaporte, é bilhete de partida

Desconheço liberdade maior e mais duradoura do que esta do leitor ceder-se à escrita do outro, inscrevendo-se entre as suas palavras e os seus silêncios. Texto e leitor ultrapassam a solidão individual para se enlaçarem pelas interacções. Esse abraço a partir do texto é soma das diferenças, movida pela emoção, estabelecendo um encontro fraterno e possível entre leitor e escritor. Cabe ao escritor estirar sua fantasia para, assim, o leitor projectar seus sonhos.
As palavras são portas e janelas. Se debruçamos e reparamos, nos inscrevemos na paisagem. Se destrancamos as portas, o enredo do universo nos visita. Ler é somar-se ao mundo, é iluminar-se com a claridade do já decifrado. Escrever é dividir-se.
Cada palavra descortina um horizonte, cada frase anuncia outra estação. E os olhos, tomando das rédeas, abrem caminhos, entre linhas, para as viagens do pensamento. O livro é passaporte, é bilhete de partida.
A leitura guarda espaço para o leitor imaginar sua própria humanidade e apropriar-se de sua fragilidade, com seus sonhos, seus devaneios e sua experiência. A leitura acorda no sujeito dizeres insuspeitados enquanto redimensiona seus entendimentos.
Há trabalho mais definitivo, há acção mais absoluta do que essa de aproximar o homem do livro?
Experimento a impossibilidade de trancar os sentidos para um repouso. O corpo vivo vive em permanente e vários níveis de leitura. Não há como ausentar-se, definitivamente, deste enunciado, enquanto somos no mundo. O corpo sabe e duvida. A dúvida gera criações, enquanto a certeza traça fanatismos.
Reconheço, porém, um momento em que se dá o definitivo acontecimento: a certeza de que o mundo pessoal é insuficiente. Há que buscar a si mesmo na experiência do outro e inteirar-se dela. Tal movimento atenua as fronteiras e a palavra fertiliza o encontro.
Acredito que ler é configurar uma terceira história, construída parceiramente a partir do impulso movedor contido na fragilidade humana, quando dela se toma posse. A fragilidade que funda o homem é a mesma que o inaugura, mas só a palavra anuncia.
A iniciação à leitura transcende o acto simples de apresentar ao sujeito as letras que aí estão já escritas. É mais que preparar o leitor para a decifração das artimanhas de uma sociedade que pretende também consumi-lo. É mais do que a incorporação de um saber frio, astutamente construído.
Fundamental, ao pretender ensinar a leitura, é convocar o homem para tomar da sua palavra. Ter a palavra é, antes de tudo, munir-se para fazer-se menos indecifrável. Ler é cuidar-se, rompendo com as grades do isolamento. Ler é evadir-se com o outro, sem contudo perder-se nas várias faces da palavra. Ler é encantar-se com as diferenças.
Bartolomeu Campos Queirós - Mineiro, graduado em Filosofia com especialidade em arte-educação pelo Instituto Pedagógico Nacional de Paris, escritor e poeta premiado nacional e internacionalmente, conferencista e autor de publicações sobre educação e leitura. Membro do Comité Estratégico do Leia Brasil - Programa de Leitura da Petrobrás.
Texto daqui
Imagem daqui

domingo, 25 de abril de 2010

CONVITE - Olhares sobre o Livro e a Leitura

A Leitura

picasso_meninas a ler 
Pintura de Picasso: Meninas lendo
A leitura, que é um testemunho oral da palavra escrita de diversos idiomas, com a invenção da imprensa, tornou-se uma actividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo múltiplas finalidades. Aquisição da Leitura.
Segundo Morais (1997) a leitura envolve em primeiro lugar, a identificação dos símbolos impressos (letras e palavras) e o relacionamento destes com os seus respectivos sons. Em que, no início do processo de aprendizagem da leitura, a criança deverá diferenciar visualmente cada letra impressa, percebendo e relacionando este símbolo gráfico com seu correspondente sonoro. Quando a criança entra em contacto com as palavras, deve então diferenciar visualmente cada letra que forma a palavra, associando-a a seu respectivo som, para a formação de uma unidade linguística significativa. Neste processo inicial da leitura, em que a criança visualiza os símbolos, fazendo a associação entre a palavra impressa e som, define-se descodificação. Entretanto, para que haja leitura não basta apenas a descodificação dos símbolos, mas a compreensão e a análise crítica do texto lido. Quando não há compreensão pela criança do que se lê no texto, esta leitura deixa de ser interessante, prazerosa e motivadora. Pode-se considerar então que uma criança lê, quando esta entende o que o texto retrata. Pois quando esta apenas descodifica e não compreende, não se pode afirmar que houve leitura.
Podemos vincular o conceito de leitura ao processo de literacia, numa compreensão mais ampla do processo de aquisição das capacidades de leitura e escrita e principalmente da prática social destas capacidades. Deste modo, a leitura nos insere em um mundo mais vasto, de conhecimentos e significados, nos habilitando inclusive a decifrá-lo; daí a noção tão difundida de leitura do mundo.
A escrita deve ter um sentido para quem lê, pois saber ler não pode ser representar apenas a descodificação de signos, de símbolos. Ler é muito mais que isso; é um movimento de interacção das pessoas com o mundo e delas entre si e isso se adquire quando passa a exercer a função social da língua, ou seja, quando sai do simplismo da descodificação para a leitura e reelaboração dos textos que podem ser de diversas formas apresentáveis e que possibilitam uma percepção do mundo.
Segundo Fanny Abramovich, é por meio de narrativas que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, de outra ética, outra óptica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem carácter de aula... Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didáctica, que é outro assunto (não tão preocupado em abrir as portas da compreensão do mundo).
Dois bons motivos para se ler (entre tantos outros):
§ É uma actividade básica na formação cultural da pessoa. Além disso, é uma excelente actividade de lazer. A leitura de uma narrativa bem urdida, de um conto, de uma crónica e de diversos outros géneros literários constitui uma valiosa actividade a ser incluída em nossos momentos de lazer.
§ Ler é benéfico à saúde mental, pois é uma actividade neurológica. A actividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurónios.
Na Segunda Guerra Mundial, o cerco nazista à cidade russa de Estalinegrado (actual São Petersburgo) por quase um ano, privou seus habitantes de meios alimentares vindo de fora. Na ocasião, as autoridades soviéticas recomendaram o hábito da leitura por entre a população, como forma de fazer "esquecer" a fome que passavam.
Há várias listas de livros que ninguém pode deixar de ler.
§ Braille é a leitura feita com o tacto por quem tem deficiência visual.
§ Leitura dinâmica.

O Livro – Wikipédia

180px-Gutenberg_bible_Old_Testament_Epistle_of_St_Jerome Uma página da Bíblia de Gutenberg (Velho testamento)

Livro é um volume transportável, composto por páginas encadernadas, contendo texto manuscrito ou impresso e/ou imagens e que forma uma publicação unitária (ou foi concebido como tal) ou a parte principal de um trabalho literário, científico ou outro.
Em ciência da informação o livro é chamado monografia, para distingui-lo de outros tipos de publicação como revistas, periódicos, teses, tesauros, etc.
O livro é um produto intelectual e, como tal, encerra conhecimento e expressões individuais ou colectivas. Mas também é nos dias de hoje um produto de consumo, um bem e sendo assim a parte final de sua produção é realizada por meios industriais (impressão e distribuição). A tarefa de criar um conteúdo passível de ser transformado em livro é tarefa do autor. Já a produção dos livros, no que concerne a transformar os originais em um produto comercializável, é tarefa do editor, em geral contratado por uma editora. Outra função associada ao livro é a colecta e organização e indexação de colecções de livros, típica do bibliotecário. Finalmente, destaca-se também o livreiro cuja função principal é de disponibilizar os livros editados ao público em geral, vendendo-os nas livrarias generalistas ou de especialidade. Compete também ao livreiro todo o trabalho de pesquisa que vá ao encontro da vontade dos leitores.
História
A história do livro é uma história de inovações técnicas que permitiram a melhora da conservação dos volumes e do acesso à informação, da facilidade em manuseá-lo e produzi-lo. Esta história é intimamente ligada às contingências políticas e económicas e à história de ideias e religiões.
Antiguidade
Na Antiguidade surge a escrita, anteriormente ao texto e ao livro. A escrita consiste de código capaz de transmitir e conservar noções abstractas ou valores concretos, em resumo: palavras. É importante destacar aqui que o meio condiciona o signo, ou seja, a escrita foi em certo sentido orientada por esse tipo de suporte; não se esculpe em papel ou se escreve no mármore.
Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra. A seguir veio o khartés (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido), que consistia em um cilindro de papiro, facilmente transportado. O "volumen" era desenrolado conforme ia sendo lido, e o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um "volumen" era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros.
O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada, livrada (latim libere, livre) do restante da planta - daí surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro em português. Os fragmentos de papiros mais "recentes" são datados do século II a.C..
Aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho, excerto de couro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo. O nome pergaminho deriva de Pérgamo, cidade da Ásia menor onde teria sido inventado e onde era muito usado. O "volumen" também foi substituído pelo códex, que era uma compilação de páginas, não mais um rolo. O códex surgiu entre os gregos como forma de codificar as leis, mas foi aperfeiçoado pelos romanos nos primeiros anos da Era Cristã. O uso do formato códice (ou códice) e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro.
Uma consequência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a pensar no livro como objecto, identificando definitivamente a obra com o livro.
A consolidação do códex acontece em Roma, como já citado. Em Roma a leitura ocorria tanto em público (para a plebe), evento chamado recitatio, como em particular, para os ricos. Além disso, é muito provável que em Roma tenha surgido pela primeira vez a leitura por lazer (voluptas), desvinculada do senso prático que a caracterizara até então. Os livros eram adquiridos em livrarias. Assim aparece também a figura do editor, com Atticus, homem de grande senso mercantil. Algumas obras eram encomendadas pelos governantes, como a Eneida, encomendada a Virgílio por Augusto.
Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento do códice, pois a partir de então tornou-se mais fácil distribuir informações em forma escrita.
Idade Média
Na idade Média o livro sofre um pouco, na Europa, as consequências do excessivo fervor religioso, e passa a ser considerado em si como um objecto de salvação. A característica mais marcante da Idade Média é o surgimento dos monges copistas, homens dedicados em período integral a reproduzir as obras, herdeiros dos escribas egípcios ou dos libraii romanos. Nos mosteiros era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textos didácticos, destinados à formação dos religiosos.
O livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em branco. Também surge a pontuação no texto, bem como o uso de letras maiúsculas. Também aparecem índices, sumários e resumos, e na categoria de géneros, além do didáctico, aparecem os florilégios (colectâneas de vários autores), os textos auxiliares e os textos eróticos. Progressivamente aparecem livros em língua vernácula, rompendo com o monopólio do latim na literatura. O papel passa a substituir o pergaminho.
Mas a invenção mais importante, já no limite da Idade Média, foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada página do livro; os blocos eram mergulhados em tinta, e o conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias. Foi em 1405 surgia na China, por meio de Pi Sheng, a máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida por Johannes Gutenberg.
A Epopeia de Gilgamesh é o livro mais antigo conhecido.
Idade Moderna
No Ocidente, em 1455, Johannes Gutenberg inventa a imprensa com tipos móveis reutilizáveis, o primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em latim. Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação. Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popularizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela redução enorme dos custos da produção em série.
Com o surgimento da imprensa desenvolveu-se a técnica da tipografia, da qual dependia a confiabilidade do texto e a capacidade do mesmo para atingir um grande público. As necessidades do tipo móvel exigiram um novo desenho de letras; caligrafias antigas, como a Carolíngea, estavam destinadas ao ostracismo, pois seu excesso de detalhes e fios delgados era impraticável, tecnicamente.
Uma das figuras mais importantes do início da tipografia é o italiano Aldus Manutius. Ele foi importante no processo de maturidade do projecto tipográfico, o que hoje chamaríamos de design ou editorial. A maturidade desta nova técnica levou, entretanto, cerca de um século.
Portugal
Em Portugal, a imprensa foi introduzida no tempo do rei D. João II. O primeiro livro impresso em território nacional foi o Pentateuco, impresso em Faro em caracteres hebraicos no ano de 1487. Em 1488 foi impresso em Chaves o Sacramental de Clemente Sánchez de Vercial, considerado o primeiro livro impresso em língua portuguesa, e em 1489 e na mesma cidade, o Tratado de Confissom. A impressão entrava em Portugal pelo nordeste transmontano. Só na década de noventa do século XV é que seriam impressos livros em Lisboa, no Porto e em Braga.
Na idade Moderna aparecem livros cada vez mais portáteis, inclusive os livros de bolso. Estes livros passam a trazer novos géneros: o romance, a novela, os almanaques.
Idade Contemporânea
Cada vez mais aparece a informação não-linear, seja por meio dos jornais, seja da enciclopédia. Novos media acabam influenciando e relacionando-se com a indústria editorial: os registos sonoros, a fotografia e o cinema.
O acabamento dos livros sofre grandes avanços, surgindo aquilo que conhecemos como edições de luxo. Actualmente, a Bíblia é o livro mais vendido do mundo.
Livro electrónico
De acordo com a definição dada no início deste artigo, o livro deve ser composto de um grupo de páginas encadernadas e ser portável. Entretanto, mesmo não obedecendo a essas características, surgiu em fins do século XX o livro electrónico, ou seja, o livro num suporte electrónico, o computador. Ainda é cedo para dizer se o livro electrónico é um continuador do livro típico ou uma variante, mas como media ele vem ganhando espaço, o que de certo modo amedronta os amantes do livro típico - os bibliófilos.
Existem livros electrónicos disponíveis tanto para computadores de mesa quanto para computadores de mão, os palmtops. Uma dificuldade que o livro electrónico encontra é que a leitura num suporte de papel é cerca de 1,2 vez mais rápida do que em um suporte electrónico, mas pesquisas vêm sendo feitas no sentido de melhorar a visualização dos livros electrónicos.
A produção do livro
A criação do conteúdo de um livro pode ser realizada tanto por um autor sozinho quanto por uma equipe de colaboradores, pesquisadores, co-autores e ilustradores. Tendo o manuscrito terminado, inicia a busca de uma editora que se interesse pela publicação da obra (caso não tenha sido encomendada). O autor oferece ao editor os direitos de reprodução industrial do manuscrito, cabendo a ele a publicação do manuscrito em livro. As suas funções do editor são intelectuais e económicas: deve seleccionar um conteúdo de valor e que seja vendável em quantidade passível de gerar lucros ou mais-valias para a empresa. Modernamente o desinteresse de editores comerciais por obras de valor mas sem garantias de lucros tem sido compensado pela actuação de editoras universitárias (pelo menos no que tange a trabalhos científicos e artísticos).
Cabe ao editor sugerir alterações ao autor, com vista a ajustar o livro ao mercado. Essas alterações podem passar pela editoração do texto, ou pelo acréscimo de elementos que possam beneficiar a utilização/comercialização do mesmo pelo leitor. Uma editora é composta pelo Departamento editorial, de produção, comercial, de Marketing, assim como vários outros serviços necessários ao funcionamento de uma empresa, podendo variar consoante as funções e serviços exercidos pela empresa. Na mesma trabalham os editores, revisores, gráficos e designers, capistas, etc. Uma editora não é necessariamente o produtor do livro, sendo que quase sempre essa função de reprodução mecânica de um original editado é feita por oficinas gráficas em regime de prestação de serviço. Dessa forma, o trabalho industrial principal de uma editora é confeccionar o modelo de livro-objeto, trabalho que se dá através dos processos de edição e composição gráfica/digital.
Livros
A fase de produção do livro é composta pela impressão (posterior à imposição e montagem em caderno - hoje em dia digital), o alceamento e o encapamento. Podendo ainda existir várias outras funções adicionais de acréscimo de valor ao produto, nomeadamente à capa, com a plastificação, relevos, pigmentação, e outros acabamentos.
Terminada a edição do livro, ele é embalado e distribuído, sendo encaminhado para os diferentes canais de venda, como os livreiros, para daí chegar ao público final.
Pelo exposto acima, talvez devêssemos considerar que a categoria livro seja a concepção de uma colecção de registos em algum suporte capaz de transmitir e conservar noções abstractas ou valores concretos. No início de 2007, foi noticiada a invenção e fabricação, na Alemanha, de um papel electrónico, no qual são escritos livros.
Classificação dos livros
Os livros actualmente podem ser classificados de acordo com seu conteúdo em duas grandes categorias: livros de leitura sequencial e obras de referência.
Obras de referência
§ anuário
§ bibliografia
§ dicionário
§ manual
§ enciclopédia
§ guia turístico
§ livro didáctico
§ relatório
§ vade-mécum
§ poesias
Cânones da literatura ocidental
Não é raro que se procure uma indicação de clássicos da literatura. Em 1994, o crítico americano Harold Bloom publicou a obra O Cânone Ocidental, em que discutia a influência dos grandes livros na formação do gosto e da mentalidade do ocidente. Bloom considera a tendência de se abandonar o esforço em se criar cânones culturais nas universidades, para evitar problemas ideológicos, problemática para o futuro da educação.

Texto e gravura da Wikipédia

sábado, 24 de abril de 2010

24 de Abril - Auditório Municipal - 21H30

PROGRAMA
Parte I
G. Donizetti
Quel guardo il cavaliere… So anch’io la virtù mágica (Don Pasquale)
G. Menotti
Steal me, sweet thief (The Old Maid And The Thief)
F. Chopin
Nocturno nº 3
2 Estudos, op. 10
M. Ravel
Cinq Mélodies Populaires Grecques
1.       Chanson de la mariée
2.       Là-bas vers l’église
3.       Quel galant m’est comparable
4.       Chanson des cueilleuses de lentisques
5.       Tout gai !
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Exibição de pequeno vídeo sobre Rotary
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Parte II
F. Chopin
Berceuse
6 Prelúdios
K. Weill
Surabaya, Johnny (Happy End)
Youkali
I’m a stranger here myself (One Touch of Venus)

Apoie o IPO do Porto e a ACIAJF – Associação Católica Internacional ao Serviço da Juventude Feminina


quinta-feira, 22 de abril de 2010

22 de Abril o DIA DA TERRA

22 de Abril o DIA DA TERRA
Imagem daqui

A Carta da Terra pelo Dia da Terra

Carta do Cacique americano ao Presidente dos EUA

Em 1854, o Governo dos Estados Unidos tentava convencer o chefe indígena Seattle a vender as suas terras. Como resposta, o chefe enviou uma carta ao presidente, que se tornou famosa em todo o mundo.
O seu conteúdo merece uma reflexão atenta, pois é uma lição que deve ser cultivada por todos, por esta e pelas futuras gerações.
Decorridos quase dois séculos da carta do cacique indígena Seatle ao Presidente do Estados Unidos, as suas lições permanecem actuais e proféticas, para todos aqueles que sabem ver no fundo do conteúdo de sua mensagem.
A carta do cacique Seatle é uma lição inesgotável de amor à natureza e à vida, que permanece na consciência de milhões de pessoas em todas as partes do mundo. É o hino de todos aqueles que amam a natureza e tudo o que nela vive. A cada leitura, renovamos os ensinamentos que ali estão.
Serve para ler e reler e passar adiante para que todos a conheçam.

Carta do chefe Seattle

“Como pode você comprar ou vender o céu, ou o calor da terra? A ideia é estranha para nós. Se nós não somos donos da frescura do ar e do brilho da água, como pode você comprá-los? Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.
Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada insecto transparente zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.
A energia que flui pelas árvores traz consigo a memória e a experiência do meu povo.
A energia que flui pelas árvores traz consigo as memórias do pele-vermelha.
Os mortos do homem branco esquecem-se da sua pátria quando vão caminhar entre as estrelas.
Os nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra, pois ela é a mãe do pele-vermelha.
Somos parte da Terra e ela é parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, esses são nossos irmãos. Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do pónei e o homem, todos pertencem à mesma família.
Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que quer comprar a nossa terra, ele pede muito de nós.
O Grande Chefe manda dizer que nos reservará um lugar onde poderemos viver confortavelmente.
Ele será o nosso pai e nós seremos os seus filhos. Vamos então considerar a sua oferta de comprar a terra, mas não vai ser fácil, pois esta terra é sagrada para nós.
A água brilhante que se move nos riachos e rios não é simplesmente água, mas o sangue dos nossos ancestrais. Se vendermos a terra para vocês, devem-se lembrar de que ela é o sangue sagrado dos nossos ancestrais. Se nós vendermos a terra para vocês, devem-se lembrar de que ela é sagrada e devem ensinar aos vossos filhos que ela é sagrada e que cada reflexo do além na água clara dos lagos, fala de coisas da vida de meu povo.
O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai. Os rios nossos irmãos saciam a nossa sede. Os rios levam as nossas canoas e alimentam as nossas crianças.
Se vendermos a nossa terra para vocês, devem lembrar-se de ensinar aos vossos filhos que os rios são irmãos nossos e vossos e consequentemente devem ter para com os rios o mesmo carinho que têm para com os vossos irmãos. Nós sabemos que o homem branco não entende as nossas maneiras. Para ele um pedaço de terra é igual a outro, pois ele é um estranho que chega à noite e tira da terra tudo o que precisa. A Terra não é sua irmã, mas o seu inimigo e quando ele o vence, segue em frente. Ele deixa para trás os túmulos dos seus pais e não se importa. Ele sequestra a Terra dos seus filhos e não se importa.
O túmulo do seu pai e o direito de primogenitura dos seus filhos são esquecidos. Ele ameaça a sua mãe, a Terra e o seu irmão, do mesmo modo, como coisas que comprou, roubou, vendeu como carneiros ou contas brilhantes. O seu apetite devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto. Não sei. As nossas maneiras são diferentes das vossas. A visão das vossas cidades aflige os olhos do pele-vermelha. Mas talvez seja porque o pele-vermelha é selvagem e não entende.
Não existe lugar tranquilo nas cidades do homem branco. Não há onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera, ou o ruído das asas de um insecto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não entendo. A confusão parece servir apenas para insultar os ouvidos. E o que é a vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de um curiango ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa. Sou um pele-vermelha e não entendo.
O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago, e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o pele-vermelha, pois todas as coisas compartilham o mesmo hálito – a fera, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo hálito. O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo há dias esperando a morte, ele é insensível ao mau cheiro.
Mas se vendermos a nossa terra, devem lembrar-se de que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha os seus espíritos com toda a vida que ele sustenta.
Mas se vendermos a nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada, como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento que é adoçado pelas flores da campina.
Assim, vamos considerar a vossa oferta de comprar a nossa terra. Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não entendo de outra forma. Vi mil búfalos apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os matou da janela de um combóio que passava.
Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fuma se pode tornar mais importante do que o búfalo, que nós só matamos para ficarmos vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria
de uma grande solidão de espírito. Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem. Todas as coisas estão ligadas.
Vocês devem ensinar aos vossos filhos que o chão sob os seus pés é as cinzas dos nossos avós.
Para que eles respeitem a terra, digam aos vossos filhos que a Terra é rica com as vidas dos nossos parentes. Ensinem aos vossos filhos o que nós ensinamos aos nossos, que a Terra é nossa mãe.
Tudo o que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra. Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos.
Isto, nós sabemos – a Terra não pertence ao homem – o homem pertence à Terra. Isto, nós sabemos. Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas.
Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos da Terra. O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela. O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como de amigo para amigo, não pode ficar isento do nosso destino comum.
Podemos ser irmãos, afinal de contas. Veremos. Uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um dia descobrir – o nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar agora que vocês O possuem, como desejam possuir a nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo. Ele é Deus do homem, e a Sua compaixão é igual, tanto para com o pele-vermelha como para com o branco.
A Terra é preciosa para Ele e danificar a Terra é acumular desprezo por seu criador. Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos.
Mas no seu desaparecimento vocês brilharão com intensidade, queimados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por algum propósito especial lhes deu domínio sobre ela e sobre o pele-vermelha.
Esse destino é um mistério para nós, pois não entendemos quando os búfalos são mortos, os cavalos selvagens são domados, os recantos secretos da floresta carregados pelo cheiro de muitos homens e a vista das montanhas maduras manchadas por fios que falam.
Onde está o bosque? Acabou.
Onde está a águia? Acabou.
O fim da vida e o começo da sobrevivência.”