Quando a escravatura acabou, todos devem ter pensado que tinha sido de vez. Um fenómeno sócio-político de má memória chegara ao fim e não mais voltaria, terão pensado alguns.
Durante algum tempo assim sucedeu, pelo menos na face visível do fenómeno, já que nas zonas mais escuras, mais escondidas do controlo e da lei, tivesse continuado a haver escravos, não vendidos ou negociados, mas apenas explorados.
De 1415 a 1878, a escravatura teve existência legal. Desde a participação activa dos chefes africanos na captura e venda aos negreiros, da Igreja (especialmente dominicanos e jesuítas (estes possuindo mesmo navios destinados ao comércio dos escravos), até ao próprio Infante que, em 1443, chamou a si o monopólio da sua exploração, foram imensas as ramificações e tornou-se evidente uma organização perfeita, que se estendia das redes de captura, aos locais próprios de embarque e aos navios adaptados para este fim, não sendo descurados aspectos menores como a devida avaliação dos escravos, a sua marcação a ferro e, por fim, o leilão.
Supõe-se que durante esse tempo terão sido traficados 30 milhões de africanos.
Excerto do artigo de CVR
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