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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Profissional do Ano - Dr. João Marques - Director Artístico, Programador e Coordenador-geral do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim


A Homenagem

Memorial

Saudação às bandeiras: Saldanha Rosa, Dr. Luís Diamantino (Vereador da Cultura da CMPV), Afonso Fernando (Fundador), Dr. João Marques e João Costa
Dr. Abel Carriço, D. Virgínia Cadilhe, Dr. Luís Diamantino, Miguel Loureiro, Dr. João Marques e Selma Loureiro

O Buffet
Dr. João Marques
Era muito fácil materializar a homenagem que quisemos prestar-lhe, dizendo-lhe simplesmente do orgulho de pertencermos todos a esta comunidade que servimos e que subconscientemente queremos compartilhar o sucesso do seu trabalho, para desta forma ultrapassar as fronteiras do nosso território de vivências e ficar gravado no futuro da sua e da nossa existência. E dávamos-lhe o Memorial que marcará este dia e esta vaidade, mais um abraço e pronto...
Mas, talvez seja aconselhável fazer e dizê-lo de outra maneira, recorrendo a Aristóteles, que disse que: "A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las."
E embora seja cada vez menos original que um português seja reconhecido pelo seu valor e homenageado por isso, na sua terra, e ainda por cima em vida, e ainda por cima ao vivo, por sermos culturalmente uma sociedade que critica mais do que faz, que gosta mais dos de fora que dos seus, esta prática tem sido quebrada, ano a ano, pelo Rotary Club da Póvoa de Varzim, em relação aos poveiros que mais se destacam profissionalmente e que no presente ano rotário tem o nome de Dr. João Marques.
Mas não é só por ser poveiro e só por ter chegado à visibilidade profissional pela obra feita, que o Rotary Club da Póvoa de Varzim o quis homenagear, foi sobretudo por cumulativamente lhe reconhecer os valores que o movimento rotário cultiva e se empenha em projectá-los, para que conste.
E deixe-me falar-lhe um pouco de Rotary, para podermos fazer a ligação do nosso movimento, com a pessoa que o Clube escolheu para homenagear.
Rotary Internacional, é uma associação de profissionais livres, que tem, no segundo dos seus quatro Objectivos Gerais e dentro do princípio de:
“Estimular e fomentar o "Ideal de Servir", com base em todo o empreendimento digno, promovendo e apoiando:
2º - o reconhecimento do mérito de todas as ocupações úteis e a divulgação das normas de ética profissional;
O movimento rotário internacional, que se estrutura em quatro Avenidas de Serviços, tem uma específica para os Serviços Profissionais e um mês a eles dedicado, o de Outubro, que sugere que se
Reconheça a contribuição dos talentos profissionais para a solução de problemas e necessidades da sociedade:
· "Prestando reconhecimento àqueles que alcançam excelência no seu campo profissional" e se
· "Preste reconhecimento àqueles que são exemplo de altos padrões de ética na sua vida profissional".
Começa-se a perceber, que o Dr. João Marques, reúne em simultâneo as duas qualidades: a Excelência e a Ética.
Como é lógico, Rotary não deve homenagear os seus próprios sócios, mesmo que se distingam nesta Avenida de Serviços, pelo que o reconhecimento destes atributos em quem não está no nosso movimento, para além de ser um exemplo, também para cada um de nós, projecta-o e projecta-nos na consciência colectiva da comunidade a que pertencemos, propalando comportamentos, atitudes e valores, que cada vez são mais escassos na nossa sociedade, por nem sempre, ou cada vez menos, serem a base e o método para se chegar às metas mais altas, dando consistência ao Princípio de Peter.
Reforço que o Dr. João Marques está na organização do Festival desde o seu início, trabalhando com o professor Sequeira Costa durante os primeiros 10 anos, como Director Executivo e assumiu a Direcção Artística após a sua saída, o que perfaz 31 anos, feitos de trabalho e profissionalismo como fio condutor de um acontecimento cultural, que atravessa fronteiras e em que o número de intérpretes convidados, de obras em estreia e de trabalhos em várias áreas, somam tudo, 829. É obra!
Dito isto, termino citando mais um pensador, Bertolt Brecht, que dizia que: "Há homens que lutam um dia e são bons; há outros que lutam um ano e são melhores; há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; mas há aqueles que lutam toda a vida, e esses são os imprescindíveis."
Parabéns! Dr. João Marques, por ser Muito Bom no que tem feito e até nos parecer imprescindível, apesar de todos sabermos, que nenhum de nós o é…
Miguel Loureiro - Presidente 2009/2010, do R. C. da Póvoa de Varzim

Intervenção do Companheiro António Leite
Intervenção do Dr. Luís Diamantino
Dois dos filhos do Homenageado: Carlos Alberto Marques e Ana Luísa Marques e Sara Barros
Dr. João Marques
CONCLUSÃO*
(…) Estas breves reflexões conduzem-nos a deduções pertinentes que importa sublinhar (…). Um conjunto de instituições empresariais e culturais (nomeadamente a SOPETE e a Delegação da Juventude Musical Portuguesa dos anos 60, 70 e… 80) e, posteriormente, organismos públicos locais e centrais (Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e Ministério da Cultura) foram capazes de convergir para a dignificação da vida da cidade ao longo destes últimos 30 e tal anos, nesta área específica, ao tornar um extraordinário património imaterial ao alcance do cidadão comum (…). Mas, se nada é perene e imutável, a efemeridade e fragilidade desta vivência são uma ameaça que paira continuamente no seu horizonte. Ainda mais do que em qualquer outra área de âmbito sócio-cultural, a imaterialidade do fenómeno musical (afinal a sua grandeza, mas também a sua maior fragilidade) justifica plenamente que continuemos a mobilizar-nos em torno da sua preservação e divulgação. Consideramos que se trata de um imperativo, um autêntico Serviço Público.
Finalmente, permitam que não deixe passar a tentação de citar algumas considerações de João Lobo Antunes, no seu recente “O Eco Silencioso”, em que convoca uma das teses fundamentais de George Steiner sobre a educação – área que deveremos com propriedade estender ao conjunto das actividades que a Associação Pró-Música da Póvoa de Varzim tutela e que na educação radicam – “(…) a educação exige o culto de valores de dificuldade (e repete a citação de Espinosa, de que tudo o que é excelente é raro e difícil). A educação deve (…) fornecer instrumentos de felicidade, e esta é necessariamente uma construção pessoal, para a qual a escola pode contribuir dando músculo às qualidades de espírito e de carácter indispensáveis à jornada. A escola fácil não cumpre a missão de preparar para a vida difícil e, como nota Steiner, a simplificação, o nivelamento por baixo, a ‘diluição’, são autênticos crimes (…).”
Por isso este encontro que aqui nos reúne é uma magnífica oportunidade para apelarmos ao desenvolvimento e optimização deste legado erguido pela comunidade ao longo das últimas décadas, continuando a investir nas pessoas, tratando do presente – melhor, “expandindo o presente” –, como diz Boaventura Sousa Santos, desideratos aliás inscritos nos meritórios objectivos do movimento rotário: o desenvolvimento positivo da “qualidade de vida da comunidade e a manutenção da dignidade humana”.
(…) Os meus agradecimentos a todos os responsáveis pela iniciativa deste agradável encontro, pelas palavras que gentilmente me foram dirigidas e pela honra que me concederam – honra que, neste momento, quero partilhar privilegiadamente com a família (muitas vezes sacrificada), com os mais próximos e dedicados colaboradores (sem os quais pouco poderíamos concretizar), e com os actuais e passados decisores políticos (locais e centrais) que mais positivamente souberam intervir nestas tão delicadas questões, pela sua visão estratégica e imprescindível apoio institucional. Bem-hajam e o meu Muito Obrigado!
* da Prelecção do Dr. João Marques


Currículo do Dr. João Marques

1. Formação académica
· Curso Superior de Piano (estudos musicais efectuados na Escola de Música do Porto e Conservatórios de Música de Braga e Porto.
· Diversos cursos de aperfeiçoamento, no âmbito da História da Música, Pedagogia e execução musical.
2. O Percurso profissional
· Professor de Educação Musical desde 1979 (ensino público genérico).
· Professor efectivo de Educação Musical no ensino público genérico (1981 a 2009), na Escola Dr. Flávio Gonçalves, Póvoa de Varzim.
· Professor de Formação Musical e História da Música na Academia de Música S. Pio X, Vila do Conde, em 1984 e 1985 (ensino especializado da Música).
· Professor de Piano na Escola de Música de Esposende, em 1986 e 1987 (ensino especializado da Música).
· Director Pedagógico (de 1988 a 2009), Professor (de 1988 a 2003), Director Executivo (entre 2004 e 2009) e membro fundador da Escola de Música da Póvoa de Varzim, estabelecimento de ensino especializado da Música criado pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e tutelado pelo Ministério da Educação.
· Direcção do Departamento Cultural da SOPETE, S. A., empresa concessionária da zona de jogo da Póvoa de Varzim (entre 1976 e 1994).
· Director Executivo do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim – Costa Verde, desde a sua criação em 1979 e até 1988 (evento de responsabilidade da empresa SOPETE, S. A., tendo como Director Artístico o Prof. Sequeira Costa).
· Director Artístico, Programador e Coordenador-Geral do Festival Internacional de Música da Costa Verde, desde 1989 (a partir de 1994 designado por Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, ano em que a iniciativa passou a beneficiar do apoio estruturante da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim).
· Director Executivo do Festival de Música Barroca de Mateus, em Vila Real (desde a sua criação, em 1985, e até 1987), sob Direcção Artística de Marie Leonhardt (iniciativa de responsabilidade da Câmara Municipal de Vila Real e da Fundação da Casa de Mateus).
· Director Executivo do Festival Sequeira Costa, no Porto, em 1988 e 1990 (evento de responsabilidade do Prof. Sequeira Costa e apoios da Câmara Municipal do Porto e diversas empresas).
· Assessor do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim (no âmbito da Música), entre 1990 e 2004.
· Director Artístico e Programador-coordenador da Orquestra Sinfónica da Póvoa de Varzim, desde a sua fundação (a partir de Outubro de 2002), do Concurso Internacional de Composição (desde 2006) e do Quarteto de Cordas Verazin (desde 2007).
· Membro da Direcção da Associação Pró-Música da Póvoa de Varzim (instituição cultural criada em Janeiro de 2003 para gerir a Escola de Música, a Orquestra Sinfónica, o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim e outras actividades afins criadas mais tarde: Concurso Internacional de Composição, Quarteto de Cordas Verazin e iniciativas visando a edição de música em CD e partituras impressas).
3. A Família
· É casão com Virgínia Cadilhe, Técnica Superior na função pública, na Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.
· Têm 3 Filhos:
João Pedro Marques, pós-Doutorado em Astronomia no Observatório de Meudon, Paris;
Carlos Alberto Marques, Licenciado em Engenharia Electrónica e
Ana Luísa Marques, Licenciada em Violoncelo.
4. A Música
· Descoberta e afirmação: Agência da Póvoa de Varzim da Juventude Musical Portuguesa (aluno, apoio logístico, assistência aos primeiros concertos ao vivo, anos 60 e 70 do séc. XX);
· Frequência regular dos concertos do Círculo de Cultura Musical (Porto, anos 70 e 80);
Descoberta do mundo musical através da Rádio cultural da Emissora Nacional, hoje Antena 2 (anos 60, 70, 80, 90…).
· Consolidação profissional (posterior) na Escola de Música do Porto e Conservatórios de Música de Braga e Porto;
· Personalidades mais influentes: Ofélia Diogo Costa (Juventude Musical/Póvoa de Varzim e Porto), Alfredo Graça (melómano), João de Freitas Branco (musicólogo), Jorge Peixinho (compositor), Hélia Soveral (pedagoga), Sequeira Costa (organização e gestão de concertos), Marie Leonhardt (abertura à “nova” música antiga/barroca, organização), Rui Vieira Nery (musicólogo) e
· Contactos mais marcantes: Mstislav Rostropovich (violoncelo), Paul Tortelier (violoncelo), Fabio Biondi (violino), Ton Koopman (cravo), Pedro Burmester (piano), Andreas Staier (cravo), Gustav Leonhardt (cravo), Pieter Wispelwey (violoncelo), Julian Bream (guitarra), Maria Tipo (piano), Roger Muraro (piano), Victoria de Los Angeles (soprano), Amandine Beyer (violino), Isabelle Faust (violino), António Pinho Vargas (composição).

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