Após a entrada do último grupo excursionista, com o autocarro “cheio como um ovo”, partimos um pouco ensonados mas felizes e esperançosos em que o nosso patrono S. Pedro nos não brindasse com um qualquer pequeno ou grande “dilúvio”.
A primeira paragem, conforme o itinerário traçado, ocorreu na bucólica aldeia de Estorãos.
De imediato nos apercebemos da incontestável beleza envolvente do local.
Todavia outros valores mais altos se levantavam.
Com efeito, urgia satisfazer as necessidades fisiológicas e atestar os estômagos em ordem a aguentar o esforço físico que se avizinhava.
Daí que praticamente todo o grupo se tenha precipitado para o café local, onde foi atendido por um simpático casal.
Casal que, curiosamente, “taxou” com a modesta quantia de 50 cêntimos, cada café, cada pequena garrafa de água e cada deliciosa fatia de um gostosíssimo bolo caseiro.
O preço praticado revelou tratar-se de pessoas honestas, por não se terem aproveitado da circunstância de sermos meras “aves de arribação” para inflaccionar a conta!
Cumprido este primeiro ritual gastronómico, espraiamo-nos então pelas redondezas, dirigindo-nos, designadamente, para a ponte românica e a praia fluvial.
Mas que sítio encantador, convidativo a tomar uma bela “banhoca” na estação quente!
Propício igualmente a um piquenique familiar, e ao descanso necessário pelo desgaste causado por um esgotante ano escolar na Universidade Sénior!
Retomada a viagem em direcção às Lagoas, fomos sorvendo avidamente a paisagem, do mesmo passo que no interior reinava a boa disposição.
Chegados às Lagoas, esperava-nos um técnico responsável que, em pleno contacto com a natureza, e mantendo-nos todos numa posição vertical, nos elucidou sobre aquilo que iríamos observar.
Previamente ao percurso pedestre pelas Lagoas, tivemos oportunidade de observar o que se encontrava exposto na sala principal da recepção, nomeadamente os vários animais embalsamados lá colocados, e de adquirir alguns “recuerdos”.
Entrelinhe-se aqui que o S.Pedro continuava a ajudar a “malta”…
Sem chuva (e sem Sol, que também poderia ser inconveniente!) fizemos a pé um dos percursos das Lagoas, deslumbrados com a paisagem e com a forma como o homem é capaz de explorar a natureza, sem a danificar e tirando dela todas as virtualidades.
Mas que belo passeio ecológico!
Em plena contemplação da natureza, também se ouviam aqui e ali alguns comentários em surdina, como… “olha acolá uma rã”… “parece que está acolá um pato selvagem”… “aqui ao menos não há poluição”… “encham os pulmões de ar puro”...
Já perto do final do percurso, alguns, menos dados à prática de exercícios físicos, inquiriam se ainda faltava muito para se chegar ao autocarro…
Reiniciada a viagem, paramos nos Arcos de Valdevez, onde fizemos um passeio a pé ao longo do rio Vez, apreciando a belíssima paisagem e, simultaneamente, abrindo o apetite para o repasto gastronómico que se avizinhava…
A conversa já começava a girar à volta do bacalhau e do naco de lombo de boi, sendo visível nalguns dos rostos, indisfarçavelmente, o semblante de uma fome “canina”…
À entrada de Monção foi possível admirar de soslaio a extensão da feira que aí decorria.
Mas outros altos valores se levantavam!
E assim, rapidamente nos dirigimos para o Restaurante D. Maria II.
Após os aperitivos, demorou bastante a servir.
Todavia, valeu bem o compasso de espera pois o repasto mereceu excelente classificação, quer do ponto de vista qualitativo, quer do ponto de vista quantitativo.
Nada de comparável àquela comida “gourmet”, que deixa os estômagos pouco confortados e as bolsas vazias!
Não obstante estas modernices, Portugal continua a ser um país com uma gastronomia riquíssima, como se constatou no D. Maria II.
E se os “sólidos” estiveram realmente à altura, também nada há a apontar aos “líquidos”…
Com efeito, o “verde” de Monção jorrou das garrafas com abundância e generalizada satisfação!
Seguiu-se outro percurso pedestre até á praça Deu la Deu Martins e a visita ao Solar do vinho Alvarinho, onde os mais corajosos provaram os vinhos da lavra das melhores quintas da região.
Foi aqui que se registou um primeiro pequeno incidente de percurso, quando a barriga avantajada de um dos nossos companheiros mais eufóricos invadiu o espaço que encimava a mesa e derrubou um copo que se foi estatelar e partir no chão, provocando uma onda de boa disposição na comitiva.
Concluída a prova dos vinhos e após a compra de garrafas de Alvarinho, de frascos de compotas e de doces regionais, encetamos a viagem até Vila Nova de Cerveira.
O estado de espírito continuava em crescendo.
Até os mais introspectivos ou macambúzios se “soltavam”, tornando-se mais expansivos….
Pudera… bem comidos e bem regados, outra coisa não seria expectável!
Pior foi a subida para a visita ao Convento de S. Paio…
Notava-se nalgumas expressões um misto de admiração pela paisagem e de algum receio motivado pela circunstância de a estrada ser estreita, serpenteada e ladeada por alguns precipícios….
Chegados ao convento, localizado em lugar ermo mas de insofismável beleza, fomos recebidos por uma sorridente jovem.
Foi ela que serviu de cicerone na visita guiada que permitiu observar importantes obras artísticas, designadamente do escultor José Rodrigues, actual proprietário do convento, que reedificou e transformou em importante centro de arte com um espólio bastante significativo de escultura, pintura e arte sacra.
Foi ainda possível passear pelos magníficos jardins do convento e “beber” a magnifica paisagem que deles se desfruta.
Seguidamente paramos junto da escultura o “Cervo”, da autoria do escultor José Rodrigues, localizada no denominado Alto do Castro, que, devido à sua localização, é um miradouro por excelência, do qual se pode visionar grande parte do percurso do rio Minho, a sua foz, o mar, e as povoações ribeirinhas.
Na descida ocorreu o segundo episódio engraçado.
Subitamente, começou a ouvir-se um barulho anormal no corredor do autocarro.
Isto causou momentaneamente alguma perplexidade, logo porém desfeita quando se começou a observar que várias amêndoas, umas atrás das outras, e com intervalos irregulares, rolavam pelo corredor, em direcção ao motorista.
Isto provocou pelo menos um dito jocoso, que aqui se não revela mas deixa à imaginação de cada um.
Provavelmente alguém portador de uma dotação das ditas cujas, aproveitou para delas se ver livre…
Acresce que, sob proposta do nosso vice-reitor, mediante o aplauso geral, foi decidido trazer uma pequena lembrança (uma garrafa de Alvarinho e um frasco de compota) para cada um dos professores da U. Sénior, os quais, não tendo podido acompanhar-nos na excursão, não estiveram todavia ausentes do nosso pensamento.
Por volta das 20H45, cansados, mas plenamente satisfeitos, chegamos ao ponto de partida, prontos para nova aventura, que, aspiramos, venha a ser tão bem organizada e sucedida como esta que sumariamente se acaba de relatar para memória futura (ad perpetuam rei memoriam).
Faria Antunes
Imagem daqui
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