Comecemos com uma análise rápida do conceito de serviço no Século XXI. A prestação de serviços, como conceito, é uma combinação única de filosofia e acção. O seu significado conciso continuará a denotar neste século uma postura ética, responsável e humilde em relação à vida no planeta. Continuará o serviço a ser a antítese dos comportamentos impessoais, de baixo nível e narcisistas, de uma parte da sociedade, que se deteriorou no tempo.
O Século XXI desenvolverá cada vez mais comunidades multirraciais e multiculturais como decorrência da globalização. A partir disso seguir-se-ão interesses que se poderão opor uns aos outros e, como consequência, haverá a necessidade de uma entidade que intermedeie essas disputas e cuja ênfase seja a solidariedade, a paz e a possibilidade de compreensão a nível mundial.
Neste aspecto, o Rotary passa a ser o catalisador de forças geradas por esta nova comunidade mundial, para a qual a prestação de serviços, ainda consiste na ajuda financeira ou física. Embora continue necessária, tal prestação está a modificar-se.
O Rotary terá, pois, a missão de encontrar, para as novas necessidades de prestação de serviço, soluções possíveis onde falharam os governos. Nesse cenário, o Rotary também terá a missão de alavancar a promoção das suas tarefas.
O Século XXI será seguramente uma era baseada em tecnologia. Será igualmente, a nossa missão, servir de ponte para conduzir o desenvolvimento tecnológico aos jovens e aos menos favorecidos.
Os rotários de todo o mundo, para que amanhã sejam avaliados favoravelmente, terão que se concentrar em três grandes missões de serviço:
· A missão de criar condições para que todos tenham acesso ao conforto e ao progresso;
· A missão de promover a paz e de auxiliar na resolução de conflitos (mesmo aqueles que não podemos imaginar hoje);
· A missão de promover a supremacia do espírito em relação à matéria, do amor sobre a guerra ou sobre o ódio, e o realce da lealdade que gera o respeito e conduz à paz.
Talento e trabalho
É evidente que teremos que continuar a preocuparmo-nos nos nossos projectos de prestação de serviços, com o combate à fome, à ignorância, às doenças, à falta de água, e enfatizando a necessidade de soluções de saneamento básico. Preocuparmo-nos, não nos custa nada.
Mas temos que ser daqueles que se preocupam o suficiente para agir. O Rotary terá que continuar a promover a amizade, o respeito à família que propaga valores e a solidariedade que garante a justiça e a convivência. O Rotary só sobreviverá se os seus ideais e valores forem transmitidos, por nós, às futuras gerações.
O Rotary tem que continuar a construir a sua reputação como uma instituição provedora de serviços segundo esses novos conceitos, através de obras finalizadas, e não somente por jornadas gastronómicas e entrega de troféus e medalhas de reconhecimento. Temos que continuar a reconhecer sim, mas reconhecendo o talento posto no trabalho.
Os novos paradigmas
O nosso grande património será formado pela nossa capacidade de gerar rotários competentes para executar novas formas de prestação de serviços. E o esforço de capacitação de novas lideranças será imprescindível para o alcance destes objectivos. Os governos irão, de forma crescente, exigir esta atitude, ao retirarem-se, gradualmente, de certas áreas de prestação de serviços.
Como resultado, o trabalho voluntário será também uma necessidade crescente na área educacional básica – de alfabetização – e dentro das entidades sócio-culturais. A urbanização ampliar-se-á, o que nos levará a restabelecer, como instituição, a ideia geral, abraçada por Paul Harris, de que o Rotary foi idealizado para actuar em pequenas comunidades, ajudando a reconstruí-las de forma auto-regulada.
O voluntariado desenvolver-se-á entre pessoas com novos paradigmas de trabalho, que terão mais tempo disponível, e sentirão a necessidade de se ocuparem. Por outro lado, noutras parcelas da comunidade, nas quais a sobrevivência é mais importante, o voluntariado diminuirá. Caberá ao Rotary e aos rotários promoverem o equilíbrio de tais forças.
Teremos, no cenário descrito, uma nova abordagem do servir rotário, que requererá novos clubes e novos rotários. A estes companheiros caberá resolver, entre outros assuntos (todos igualmente importantes):
· A necessidade de uma nova linguagem para se expressar e ser entendido;
· O investimento planeado de forma integrada, e em múltiplos níveis, na juventude;
· A evolução do Governo nos três níveis da organização e na forma de actuação;
· A execução de um planeamento multianual e multinível;
· O distanciamento crescente dos clubes e dos seus membros em relação à comunidade a que servem, reaproximando-os;
· O processo de admissão equivocado que temos hoje, reformulando-o;
· O problema atávico do analfabetismo rotário;
· A urgente necessidade de formação de novos líderes rotários;
· O envolvimento da família no servir.
Tudo isso vai requerer uma revolução, entendida aqui como uma renovação na evolução. O futuro do Rotary está plantado na soma cuidadosa dos seguintes itens:
· os recursos e tempo disponibilizados pelos voluntários;
· a utilização das posições de influência que muitos de nós ocupam;
· e a rede de influência que estas posições de liderança geram para atrair novos sócios que se envolvam em actividades de direcção, claras e planejadas.
O voluntariado tem grande aceitação entre os mais jovens, enquanto os mais vividos se dedicam com prazer à capacidade de influenciar. Juntos são uma combinação tão forte que já restaurou nações inteiras.
Obrigação moral
Os Serviços Profissionais são outro grande desafio do Rotary para o futuro. Trata-se de uma característica que distingue a nossa instituição, que a torna única entre as muitas prestadoras de serviço comunitário organizadas.
O mundo necessita hoje, e no futuro mais ainda, da concepção rotária de prestação de serviço através das profissões. Torna-se imprescindível a obrigação moral de participar do seu grupo profissional e defender através dele os valores e os elevados padrões de ética incorporados nos programas do Rotary. Aqueles que falharem no seu dever de bem representar a sua área profissional ou ramo de negócio estarão a obstruir uma das artérias por onde flui o sangue vital do Rotary.
E a juventude? Quais são os enfoques a que estão expostos os nossos associados no Servir? Principalmente, estão expostos a uma mudança acelerada na sua relação com a informação e o conhecimento. Os media em geral, as empresas modernas de equipamentos de telecomunicações, as empresas de publicidade, os estabelecimentos comerciais e industriais já se aperceberam dessa revolução e estão envolvidos nessa aventura da busca da participação cada vez maior dos jovens na compra de produtos e serviços oferecidos. O Rotary pode-lhes oferecer uma forma mais moderna e mais atraente de atender aos seus anseios e ao mesmo tempo perpetuar os valores pelos quais entendemos que valha a pena lutar. Mais que mostrar aos jovens o caminho, é muito mais importante e recompensador caminhar com eles.
Evolução em processo
A palavra de ordem, portanto, é planeamento. Planeamento multianual, multinível e integrado. Temos ou estamos a criar condições tanto organizacionais como emocionais para isso?
Uma evolução administrativa está em processo desde alguns anos, graças à aplicação dos Planos de Liderança Distrital e ao Plano de Liderança de Clubes. Como resultado, teremos uma evolução e uma transformação organizacional, objectivando uma similitude de organogramas nos três níveis, o que facilitará a implementação global do planeamento. Estaremos, assim, aproveitando as vantagens da unicidade de regras, da administração subsidiária, da independência financeira e patrimonial (não temos propriedades). Somos ao mesmo tempo sócios e donos da organização, vantagens que, entre outras, nós temos em relação às grandes empresas multinacionais.
Para construir o panorama que se nos apresenta, temos que concentrar as nossas acções agora. O futuro é agora. É também a sua vez de provar que tem a visão para o planear já, pois O Futuro do Rotary Está nas Suas Mãos.
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