Seguidores

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Contra a pobreza, a riqueza da diversidade cultural

Egípcios não fazem jejum de cultura durante o Ramadão
Os muçulmanos egípcios desfrutam neste fim-de-semana de um variado banquete cultural para festejar com fartura, música, dança e teatro o fim do jejum diário durante o mês do Ramadão, que este ano vai até o dia 9 de Setembro.
Ao cair do sol do último dia de Ramadão, muçulmanos e não muçulmanos, egípcios e estrangeiros, não só se deliciam com o "iftar" - refeição com a qual se rompe o jejum -, mas também aproveitam uma ampla oferta de atracções culturais, escassas noutras épocas do ano.
"Em geral, os eventos ao vivo não são comuns no Egipto", diz a responsável cultural Myriam Makhoul, encarregada de organizar a programação do centro cultural Darb 1718, localizado numa das zonas mais periféricas do Cairo Antigo, afastada dos tradicionais itinerários turísticos.
"Já que essas actividades são todas gratuitas, ajudamos as pessoas que nos rodeiam, os moradores do Cairo Antigo, que venham, desfrutem e tenham acesso a coisas que nunca viram antes", explica Makhoul.
Para ela, essa é uma forma de educar os mais pobres "para que tenham novos horizontes".
Só neste fim-de-semana, milhares de pessoas reuniram-se no Darb 1718 para participar de oficinas de artesanato, comprar em bazares coloridos peças feitas à mão, ouvir contos e cantar vigorosamente com bandas egípcias.
Tal foi o caso da banda West El Balad, grupo que combina sons árabes com toques modernos e do oeste do Egipto, que reuniu na quinta-feira passada centenas de pessoas que cantaram, pularam e aplaudiram sucessos locais.
Outro protagonista que centrou as atenções do público foi o espectáculo Tannura, interpretado por uma confraria sufi, no qual vários daroeses (muçulmanos que fazem voto de pobreza e castidade) giram sobre um eixo central, simbolizando a união entre o universo e o seu criador.
Como parte das actividades do Darb 1718, a artista e fotógrafa May el Hossamy inaugurou uma exposição sobre o Souq El Gomma, um bairro pobre do Cairo, retratando o sofrimento e a dura realidade dos seus personagens.
Por sua vez, a organização Al Mawred (recurso) planeou uma agenda de shows com artistas internacionais como a tunisina Amel Mathlouthi, a egípcia Dunia Massoud e a jordana Macadi Nahhas, que se apresentam em El Genaina, um dos poucos teatros ao ar livre do Cairo, no sofisticado parque Al-Azhar.
A cantora e compositora libanesa Tania Saleh iniciou o ciclo na quinta-feira passada com a sua proposta de jazz, rock e balada e as suas letras carregadas de sarcasmo, que criticam as convenções sociais do mundo contemporâneo.
No Khan el Khalili, o famoso mercado de souvenires, situado no bairro islâmico da capital, o público egípcio e estrangeiro pode aproveitar o show ao ar livre ao ritmo de rock, mambo e rumba.
A Casa de Ópera do Cairo, por sua vez, preparou um programa intitulado "Noites do Ramadão", durante o qual as embaixadas de Tunísia, Irão, Cazaquistão, Sudão, Bahrein e Indonésia organizarão actividades relacionadas com a sua forma de viver o mês sagrado.
Seja qual for a proposta, crianças, jovens, adultos e idosos, muçulmanos e cristãos, egípcios e estrangeiros, podem aproveitar as atracções onde a música e o baile são protagonistas.
Segundo Makhoul, a maior recompensa desses eventos é "quando pessoas de diferentes culturas e classes sociais se juntam num só lugar e se conhecem, e trocam informações ou ideias artísticas".
Durante o resto do mês sagrado do Ramadão, o banquete cultural por parte de centros artísticos, embaixadas, museus e teatros continuará dominando as ruas da capital e de outras cidades do Egipto.
Texto daqui

Sem comentários: