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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O “desenvolvimento” tem um preço, pesado, mas emergente…

Deslizamentos na China vêm do crescimento desenfreado
Os deslizamentos de barro, que deixaram mais de 1.700 mortos ou desaparecidos no noroeste da China, são consequência de um desenvolvimento económico desenfreado que fragilizou o meio ambiente e já não pode ser contido, afirmam os especialistas.
Os defensores do meio ambiente lançam regularmente advertências contra a desflorestação, a construção frenética de estradas ou de represas hidroeléctricas, muitas vezes por iniciativa das autoridades locais.
A tragédia de Zhouqu, epicentro dos deslizamentos de terra na província de Gansu, "reflecte os desafios e os riscos que o crescimento traz para regiões pobres", declarou à AFP Li Yan, encarregado do “Greenpeace China” para os temas vinculados à energia e à mudança climática.
"As autoridades locais estão sob pressão para eliminar a pobreza e desenvolver a economia, um processo durante o qual o meio ambiente se degrada", acrescentou o especialista.
As autoridades asseguram que os recentes deslizamentos de terra são uma catástrofe natural provocada pelas chuvas torrenciais, mas até os próprios meios de comunicação oficiais chineses se questionam sobre as responsabilidades humanas nesta tragédia, que causou 1.117 mortos e 627 desaparecidos.
"A construção de pequenas represas hidroeléctricas, a exploração mineira e a construção de estradas afectaram gravemente o ecossistema e aumentaram os riscos de deslizamento de terras", assinala o jornal National Business Daily.
Há mais de 1.000 represas hidroeléctricas ao longo do rio Bailong, que cerca Zhouqu, segundo Zhang Qirong, Director do departamento florestal local citado pelo jornal.
Depois de três décadas de industrialização, a China conta hoje com muitas das cidades e dos rios mais poluídos do mundo.
Consciente da degradação, o Governo chinês comprometeu-se a melhorar a eficácia energética e anunciou recentemente um plano de encerramento de 2.000 fábricas entre as mais poluentes do país.
Os deslizamentos de terras de Gansu somam-se a outras calamidades recentes do meio ambiente, como a explosão de um tanque do terminal petroleiro de Dalian (nordeste) no mês passado, que provocou uma grave contaminação no Mar Amarelo.
Apesar do aumento do número de acidentes ecológicos (oficialmente em alta de 98% no primeiro semestre deste ano), a China fez progressos importantes, afirmam os especialistas.
"Mas ainda há muito trabalho por fazer", considera Deborah Seligsohn, Directora do programa China, do centro de pesquisas americano, World Resources Institute.
Mesmo que seja difícil reduzir as emissões de gases de efeito estufa com um crescimento de mais de 10% anual, "as rendas aumentam e os chineses percebem que podem permitir-se gastar mais para o meio ambiente, o que é um bom sinal", considera.
Mas é preciso ainda uma mudança de mentalidade. "Os dirigentes locais são recompensados quando atraem investimentos e optimizam o crescimento, isso é o que os motiva, sendo apenas castigados quando um acidente (de meio ambiente) provoca uma tragédia com mortos", lamenta Patrick Chovanec, professor na Escola de Economia e Gestão Universidade Tsinghua em Pequim.
Texto daqui e foto daqui

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