A história de Rosita Chibure, salva da pobreza em Moçambique
Rosita Chibure descalça os sapatos e trepa, com cuidado, até ao ramo da árvore onde nasceu há 10 anos. A mãe Carolina, olha-a cá de baixo, do chão. |
“Tudo é possível”, diz Carolina ao relembrar o dia em que ela e a sua filha foram salvas, enquanto olha à volta para as palhotas da vila empobrecida que já não chama de casa.
As circunstâncias do nascimento pouco habitual de Rosita foram capturadas por uma câmara de televisão que se encontrava a bordo de um helicóptero de resgate, que sobrevoava as fortes cheias que afectaram Moçambique.
Enquanto o helicóptero mantinha o equilíbrio, mãe e filha foram puxadas dos ramos, depois o cordão umbilical foi cortado e, de repente, as suas vidas foram transformadas em celebridades.
Um pouco sobre Rosita e Carolina, hoje.
Carolina trabalha como empregada de limpeza num escritório do governo, perto da cidade de Chibuto. Ela tem também outra filha, Cecília, com 10 meses.
O governo deu-lhes uma casa feita em tijolo com um grande jardim, que fica não muito longe da escola pública onde Rosita estuda todas as manhãs. É uma rapariga tímida, mas amistosa, que adora a irmã ainda bebé e diz que quer tornar-se “Presidente da República”. E porque não?
A fama de Rosita não é uma moda passageira, ou pelo menos, não em Moçambique. A história do seu nascimento é parte do currículo escolar nacional, num país com tendência para sofrer secas e cheias regulares.
Rosita e a mãe foram levadas para fora da região e celebrizadas por um governo que sabe bem a contribuição do seu parto e resgate de uma árvore para chamar a atenção internacional e obter ajuda durante as cheias de 2000.
Foi colocada uma placa numa pedra branca junto da árvore onde Rosita nasceu, na localidade de Chibuto.
Mas a última década não foi assim tão fácil para salvar – quase literalmente - a família da pobreza e obscuridade.
O pai, Salvador, a maioria das vezes ausente, é acusado de tirar e gastar praticamente todo o dinheiro que foi dado à família por pessoas sensibilizadas com a situação, logo após o salvamento.
A nova casa é maravilhosa e tem uma escola muito perto, mas o novo estilo de vida requer rendimentos que, “graças” ao marido, Carolina não tem. Alguns momentos foram bastante difíceis.
Com o sol a começar a pôr-se, Carolina e Rosita afastam-se da árvore para visitar a sua antiga vila. O cabelo trançado, as roupas bonitas e os sapatos elegantes, fazem com que elas não se assemelhem a turistas estrangeiros.
“As nossas vidas mudaram tanto”, diz Carolina. “Nada acontece sem a ajuda de Deus.”
Texto e foto daqui
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