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sábado, 5 de junho de 2010

Nem tudo o homem pode

Das ferramentas de pedra e lanças de pau do homem das cavernas às ferramentas de alta precisão e armas exterminadoras de hoje; da descoberta do fogo aos combustíveis que accionam os foguetes espaciais; da invenção da escrita ao computador, à internet, à decifração do genoma humano, à clonagem de animais e até de célula artificial, o conhecimento humano e a sua transformação em tecnologias, regista uma evolução fantástica. Tão fantástica que já é comum ouvir-se que o homem quer imitar ou substituir Deus. Cerca de dois mil físicos, inclusive brasileiros, participam das experiências realizadas no Grande Colisor de Hádrons, um túnel circular de 27 km, a 100 m abaixo da superfície, na Suíça, equipado para testes de física nuclear. Ali, através da colisão de feixes de partículas subatómicas, eles estão procurando confirmar a existência da “partícula de Deus”, ou “bóson de Higgs”. Essa partícula seria a responsável pela explosão que deu origem ao universo, o Big Bang. Se encontrarem essa partícula, estará decifrada (será?) a origem de todas as coisas, e os ateus estarão tranquilos, certos de que encontraram o seu deus.
Com todo esse avanço do conhecimento, pode-se dizer que o homem pode tudo? Não, nem tudo. Vamos ver alguns casos que desafiam esse poder. Primeiramente, um que parece inconcebível, diante de tanto avanço da inteligência e da tecnologia - a explosão da plataforma de petróleo no Golfo do México. Por que, com todo o avanço da engenharia, até quando escrevíamos, eles não conseguiam estancar o jorro de petróleo? Eles foram capazes de perfurar o poço no fundo do mar, como a Petrobras também vem fazendo, agora com mais arrojo ainda, atingindo a camada de pré-sal, a milhares de metros de profundidade. Se são capazes de furar o poço, de instalar a tubulação e operar a extracção, em cima de uma plataforma flutuante, porque são incapazes de fechar o poço, que está ameaçando provocar, talvez, o maior desastre ecológico do Planeta? Seria muito para quem colocou uma estação espacial tripulada em órbita a mais de 400 km da Terra, fechar um poço a 1.500 metros no fundo do mar?
Como esse, em muitos outros casos de natureza prática, o homem se mostra impotente. E mais impotente, ainda, quando se trata de casos de natureza humana. Se houve progresso com as ciências físicas, igualmente houve muito progresso nas ciências humanas.
Dos romanos aos nossos dias o Direito acumulou montanhas de obras, pareceres e decisões jurídicas do mais elevado conhecimento e sentido de justiça. A Sociologia, a Psicologia e ciências afins têm decifrado o ser humano em todos os seus aspectos. Com tudo isso, o homem não tem conseguido manter a paz. No fórum adequado ao debate dos assuntos que dizem respeito à convivência do homem em sociedade, os parlamentares, em todo o mundo, não são capazes de discutir sem se ofenderem e trocarem sopapos. Os trabalhadores, públicos e privados, não conseguem discutir os seus direitos sem terminar em confrontos policiais e pancadaria. Vizinhos, que precisariam viver ajudando uns aos outros, em face da insegurança e outras ameaças à tranquilidade, brigam por causa de barulho, de gatos e cachorros. No trânsito o homem perde a civilidade, não respeita ninguém - infringe a lei, xinga e mata.
A organização, reunindo as pessoas sob um mesmo ordenamento, cria uma força chamada sinergia. Imagine agora a sinergia de uma nação, multiplicando os conflitos dos pequenos grupos por milhões de pessoas e conclua se é possível a paz entre judeus e palestinianos e entre países muçulmanos e comunistas, com outros povos. E não é por falta de esforço para pacificação.
Entre as organizações que lutam pela paz está o Rotary International, através da Rotary Foundation, que criou em universidades dos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Japão, Tailândia e Argentina, “Centros Rotary pela Paz Mundial”, com a finalidade de ampliar a eficácia da entidade e dos rotários em promover maior tolerância e cooperação entre as pessoas, aumentando as possibilidades de paz e compreensão no mundo.
Neles, os bolsistas estudam relações internacionais, administração pública, desenvolvimento auto-sustentável e estudo da paz e resolução de conflitos. Parece um esforço pequeno, dada a magnitude do problema, mas, com certeza, se multiplicará, em razão do inquestionável conceito da Rotary Foundation.
Por Pedro Grava Zanotelli ex-presidente da Ordem dos Velhos Jornalistas de Bauru e membro da ABLetras no JCNRT - 04/06/2010

Nota - Quando o reconhecimento vem de quem não é rotário, é mais fácil acreditar nas virtudes

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