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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Passeio da U.S. ao Douro

Passeio do Final do Ano Lectivo 2009/2010
* Universidade Sénior da Póvoa de Varzim *

5,55 da manhã de 4ª feira, 26 de Maio de 2010.
A jovial alegria estava patente nos rostos de todos os participantes, capaz de provocar uma “icterícica” inveja na maioria dos jovens do nosso tempo.
Não se deve esquecer que se trata de uma faixa etária que pertenceu, em boa medida, à “geração de 68”, na qual alguns foram passivos, a maioria, porém, (pró ou contra), mas activa.
Ora, nesse entusiasmo que lhe é peculiar, gerou-se, entretanto, alguma controversa na ocupação dos lugares no autocarro. Assunto prontamente resolvido na desconfortável situação do Prof. Sá Couto, que se não traduziu em nenhum desmérito à sua habitual competência.
Pouco depois, com o aparecimento do sol e música folclórica, na qual se cantava o mal da mulher e a tristeza, voltou a cada rosto, a luminosa alegria do astro rei.
Paragem frustrada às 8 horas, a 20 quilómetros de Fornos de Algodres. “Afinal havia outra”!
A neblina frequente não influenciou a alegria reinante e a paragem para um pequeno-almoço acelerado, realizou-se, então, na estação de serviço de Celorico, com vista sobre a cidade do mesmo nome. Depois, no autocarro, e para entreter os viajantes, a Prof. Fátima Sá Couto, com “achegas” de alguns colegas, falou sobre as performances históricas do rio Douro.
Entretanto surgiu, solarenga, à direita, a cidade da Guarda.
Em direcção a Pinhel/Castelo Rodrigo, o horizonte, dos lados da Espanha, apareceu (e pareceu) ameaçador dum grande temporal. Claro! Tal como diz o ditado: “da Espanha nem bom tempo, nem bom casamento”. Mas não se foi tão longe, daí que a ameaça não se concretizou.
O castelo de Pinhel acenou-nos da esquerda bem iluminado pelo sol de Sudeste, pouco antes de, por motivos de obras na estrada, termos sido forçados a uma paragem, algo arreliadora pela escassez de tempo para alcançar o barco à hora combinada.
Para iludir o nervosismo, o Prof. Sá Couto prometeu “cabrito com molho de pescada” e “sobremesa sem álcool” para o almoço do dia seguinte, na Régua. Aberração gastronómica prontamente corrigida, felizmente, para alívio das náuseas de todos.
Seguiu-se uma (necessariamente) rápida, serpenteante e enjoada descida pelas elevadas margens do rio Côa até ao já ansiado encontro com este.
Figueira de Castelo Rodrigo recebe-nos com sol e um lindamente ajardinado emblema na entrada da cidade.
Continuamos numa descida desenfreada para Barca d`Alva, no rio Douro, alcançada, (quase) pontualmente, para a partida do barco.
Um barco todinho só para nós!
O pessoal de bordo esteve simpatiquíssimo na recepção, e a bordo, na coberta, com o sol encoberto, as altas temperaturas tornar-se-iam um nada mais baixas, não fora a amenizante ambiência criada pela voz quente e melada de uma qualquer copiadora da Mariza, a deslumbrante beleza da paisagem, o reflexo desta nas, ali serenas, águas do Douro. A pedido do algo usurário fotógrafo de bordo, a fotografia “em família”, onde todos, sem esforço, fizeram o seu melhor sorriso, o mais adequado nestes momentos de especial alegria.
Depois de um “Porto” e bolachinhas, iniciou-se a descida da barragem do Pocinho. Ocasião única na qual as pessoas, depois de um “Porto” se deixam ir abaixo (22 metros).
Às 12,30, não nos impediu, o perturbador apetite, de ouvir chamar para o almoço, na sala interior do barco. Creme de legumes, lombo assado, vinhos brancos e tintos da região do Douro, como seria natural e bolo de chocolate.
Para suprimir alguma ocasional demora, alguém pediu de uma mesa para outra, a cedência de uma garrafa de vinho. Nesta encontrava-se o Sr. Souto que, muito prestimoso, logo serviu o vinho em estilo de “garçon” na mesa solicitante. Entretanto, porém, foi fornecido a esta, através do respectivo empregado, uma nova garrafa de vinho, que o dito generosíssimo Sr. Souto se considerou no direito de levar consigo (esta, cheia!) em troca da outra quase vazia que lá deixou. Bom, na verdade não estava tão vazia. Mesmo assim, que grande negócio! Teria jeito para político o Sr. Souto!
O almoço esteve bom, o pessoal continuou simpático e prestável. O Prof. Sá Couto entornou vinho na mulher (consta que gosta mais dela em vinha d`alho).
Depois do café, na coberta, cantigas. Umas popularuchas e outras menos, capazes de provocar, senão arrelia, pelo menos algum desconforto ao Dr. Abel Carriço. Terão conseguido? Não, claro.
Passamos o cachão de Valeira. Agora percebe-se porque é que as mulheres trajaram quase exclusivamente com calças. É que o barão Forrester não estava a bordo, logo não haveria risco de naufrágio. Mas se tal acontecesse. . . não teriam a mesma sorte que a D. António Ferreira (a Ferreirinha).
Impressionante a passagem granítica pelo cachão e a descida da “éclusa” do mesmo nome com 22 metros!
Depois dançou-se (Spúlveda, Lurdes, Gabi, Teresa e outros/as). A Nazaré pôs um lenço à Greta Garbo dos anos 50. Alguém puxou de um livro de cantigas populares e cantou-se a 2 vozes. Mas, maravilhoso, foi o apreciar da paisagem, as vinhas do Douro. Em cada curva do percurso do rio uma nova perspectiva dos vinhedos. Lindo de verdade! A Lurdes Codesso deixou-se esvoaçar (lateralmente), qual personagem do Titanic, plena de romantismo.
E pouco a pouco, a euforia até então vivida, foi dando azo à concentração de energias no esforço físico e metabólico da digestão e enveredou-se por um convívio sereno. Apenas isso.
Impressionante a passagem da terceira “éclusa”, Bagaúste (38 metros!), com dois barcos em simultâneo. O Tempo ainda solarengo, embora um nadinha mais fresco.
Continuação de harmoniosas conversações, aprofundamento “écluso” do conhecimento e amizades.
Já próximo de Peso da Régua, a foz do rio Corgo, cujas águas, segundo a tradição, curavam a tuberculose e outras enfermidades. Ele há cada uma!
Passadas as 3 pontes: em betão, ponte/viaduto da A-24; em pedra, a ponte rodoviária; e em ferro, a ponte antiga (desactivada), eis-nos em Peso da Régua.
Às 20,00 horas foi servido o jantar, como previsto, no Hotel Régua Douro. O jantar estava óptimo tal como o serviço. Depois, boa sobremesa e vinhos. Tinha sido boa a escolha.
No decorrer do jantar, numa determinada mesa, o tema foi gastronomia. Foram discutidas competências culinárias, boas, razoáveis e até abomináveis, como o tal arroz de “cabidela” feito com morcelas (chouriça de sangue), num completo desrespeito pela excelência da ementa apresentada.
Depois de uma noite que se crê serena (os quartos estavam voltados para o rio Douro, no qual se reflectiam, com todo o seu esplendor, as luzes da cidade), de um pequeno-almoço também ele digno das 4 estrelas do hotel, partiu-se, às 8,35 horas na direcção de Lamego.
Pelas 9 horas, junto ao castelo de Lamego, mais ou menos perfilados, os súbditos aguardaram, com alguma impaciência e dúvida, a chegada (atrasada) do “alcaide”, que embora avisado da hora de chegada da “embaixada varzinense”, não contou com a zelosa pontualidade desta. Iniciou-se a visita ao castelo, ou melhor, ao que dele resta. O Nuno, Escuteiro(-mor) e “Alcaide”, falou-nos, do alto da escadaria de acesso à torre de menagem, sobre a actividade do Corpo Nacional de Escuteiros, que ocupa e utiliza actualmente aquele castelo, das razões que a tal conduziu, bem como da laboriosa recuperação parcial do mesmo. Assim, mais conscientes e sapientes da história do castelo, os “históricos” seniores visitaram a torre de menagem, dela admiraram a cidade de Lamego e nela deixaram notícia da sua passagem, no livro de “Visitas Ilustres”. A Rosalina “tentou” ainda danificar, na escada interior da torre, a integridade da sua estrutura óssea, numa queda, felizmente mais aparatosa que trágica, mas desinteressante, portanto, para memória futura da torre e do castelo.
Seguidamente visitou-se a igreja da Senhora de Almacave, cuja história nos foi relatada pelo guia disponibilizado pelo departamento de turismo da cidade. A passagem de D. Afonso Henriques, depois de ter assinado o tratado de paz em Zamora, o órgão da igreja, algo característico, por se encontrar dentro de um móvel, o altar-mor “chamuscado”, devido a incêndio, etc.
Depois o museu da cidade, criado por João Amaral. Bonito de ver! Obras historicamente valiosas e lindas, de tipos muito variados e, ao que parece, também resistentes ao toque de alguns dedinhos e mãozinhas de colegas, com a subsequente “resmungação” de uma vigilante.
Depois da visita ao museu, uns atiraram-se às bôlas de carne, outros à fé. Neste último caso, visitou-se o claustro e a respectiva catedral de Lamego, com mendigo à porta a tentar tocar a sensibilidade dos crente e despertar a sua vertente caritativa. Na praça da catedral, apressadamente, compraram-se uns postais, bebeu-se umas águas e de pronto o autocarro já nos esperava para seguirmos em direcção ao mosteiro da Senhora dos Remédios, santa esta que, contra a elementar lógica da sua designação, parece não ser a padroeira dos farmacêuticos. Paciência.
E, enquanto subíamos o monte no cimo do qual se encontra o mosteiro: “à vossa direita e esquerda a escadaria!” Gritava, ao microfone e aos nossos usados e sensíveis tímpanos, o emprestado guia do turismo, que lá continuou, desabrido, com referências à mata circundante e ao próprio mosteiro da Senhora dos Remédios.
Depois no STOP paramos. Logicamente. Para almoçar. O restaurante, que assim se chamava ficava, de certo modo, já fora de portas e estava muito bem frequentado por “obreiros” que utilizavam um tom de voz desagradavelmente elevado. Por contágio ou necessidade de se fazer ouvir, o nosso pessoal encetou a utilizar a mesma tonalidade mas, curiosamente, à medida que aqueles se retiravam, a elegância do tom do nosso grupo voltou ao seu melhor.
S. João de Tarouca surgiu-nos depois de uma curta e animada viagem, onde os sabugueiros nos prestaram uma linda e florida recepção, ladeando continuamente, a serpenteante estrada. Convento e igreja fundados por D. Pedro Afonso, conde de Barcelos, filho bastardo de D. Dinis (que pelos vistos não era tão santo como a mulher!) e tio de D. Pedro, o Justiceiro. Jaz na igreja, que, atendendo à sua antiguidade, ainda se encontra em muito bom estado, e o seu túmulo pesa 13 toneladas. A igreja possui talhas e azulejos de grande beleza e um zelador inconformado com a pouca ajuda das entidades oficiais.
De regresso, vimos à distância (com paragem do autocarro), a ponte e torre da Ucanha que, por escassez de tempo, já não foi possível visitar em pormenor, tal como o mosteiro de Salzedas, que, aliás, já tinha visita condicionada ao tempo disponível.
Dali seguimos para as Caves da Murganheira, para prova de vinhos (vinhos espumosos) e, surpresa das surpresas, festejar os aniversários de Prof. Sá Couto, nesse dia 27.05, e da esposa, D. Fátima que teria (e pelos vistos teve) aniversário no dia seguinte (28.05), com bôla de carne e bolo de aniversário a rigor e com inscrição!
De regresso, na passagem pela Régua, voltamos ao hotel para recolher as malas da Dr.ª Conceição Milhazes e da Sr.ª Nair, que haviam partilhado uma autêntica suite na noite anterior. Os empregados do hotel ao lerem na etiqueta: Nair, não colocaram a bagagem no autocarro, provavelmente por entenderem que era para “na ir”
Todas as particularidades da viagem puderam ser melhor entendidas e apreciadas, devido à valiosa documentação com que a organização dotou os participantes sobre os pontos de interesse a observar e visitar.
Sensivelmente à hora programada, pouco depois das 21,30, e, em boa parte graças à impecabilidade da organização e ainda à benevolência do S. Pedro, chegamos bem, satisfeitos e felizes!
Zémaria (aluno da U.S.)

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