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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Conferência de Rotary do Distrito 1970

Educação e cooperação em análise em Vila Real
"A definição de Rotary é muito simples. Rotary é gente. Gente que trabalha para outra gente, com outra gente". Palavras de Luís Vicente Giay, convidado de honra da XXVII Conferência do Distrito 1970 que durante três dias (28 a 30 de Junho) ocupou a Aula Magna da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A cidade de Vila Real recebeu rotários de todo o país para o maior evento anual do movimento e que este ano, sob a liderança do Governador Manuel Cordeiro, teve como tema principal a educação e a cooperação.
Luís Vicente Giay, Argentino, representou o Presidente do Rotary Internacional em Vila Real. Uma das figuras mais importantes do Rotary a nível mundial, sendo que já presidiu ao Rotary Internacional e à Rotary Foundation. Giay tem uma visão global e positiva do futuro do movimento: "Todas as semanas em Rotary há 33 mil púlpitos como este onde se expressam ideias com liberdade e onde também se trabalha. Quando as vontades se unem para combater a fome, as doenças, etc., é o ideal rotário que está a triunfar. É um ideal que conjuga o senso comum, o trabalho em favor dos demais, a ética".
Muitos dos projectos nacionais e internacionais do Rotary foram enunciados e explorados em Vila Real. O maior projecto, End Polio Now, não foi esquecido, mas muitos outros foram expostos a todos os presentes. Também as representantes distritais de Rotaract e Interact demonstraram o trabalho feito pelos clubes dos mais jovens ao longo do último ano rotário.
Educação em Timor
João Aparício
João Aparício No primeiro painel dedicado à educação e à cooperação, o timorense João Aparício falou, em representação da embaixada de Timor em Portugal, sobre um país que "tem ainda muito trabalho pela frente. A maior dificuldade do país na educação é a falta de formação efectiva dos professores". A questão da língua portuguesa em Timor esteve no centro do debate, mas João Aparício lembrou que vão ser criados em Díli mais quatro pólos da Escola Portuguesa.
A ideia é melhorar a qualidade do ensino e firmar a língua portuguesa. Com uma representação real do presente mas positiva do futuro, o timorense acredita que daqui a 10, 15 anos, o seu país vai ser diferente: "Foi agora aprovado o Estatuto da Universidade de Timor Lorosae, que vai ter sete faculdades e quatro centros de investigação científica". O trabalho do Rotary em Timor também não foi esquecido, como um projecto concretizado em conjunto com a Diocese de Baucau.
Cooperação Portuguesa na educação
Anacoreta Correia
Anacoreta Correia O Embaixador Anacoreta Correia abrilhantou a manhã de sábado na conferência em Vila Real. Com uma perspectiva muito clara sobre a sociedade, na qual associa sempre educação a desenvolvimento, acredita na essência da cooperação. "O acesso à escolaridade e formação profissional são pedras basilares de qualquer estratégia de desenvolvimento. Maior coesão social e maior emprego estão associados à educação", afirmou, realçando sempre que os destinatários devem estar envolvidos no processo.
Anacoreta Correia, que já presidiu ao Instituto da Cooperação Portuguesa, lembrou que Portugal coopera com os PALOP e Timor em todos os planos da educação (do básico ao universitário), sendo o secundário o mais abrangido. Cabo Verde é um exemplo desse apoio. Em tempos Portugal enviou professores que por lá ficaram cerca de cinco anos. Dez anos depois Cabo Verde já não precisa dessa ajuda, já tem autonomia.
No que diz respeito ao Rotary, deixou alguns desafios: "Na minha opinião, poucas organizações têm esta força para melhorar a qualidade de vida das populações ou promover a paz. Porque não aproveitar esta mais-valia para realizar projectos de cooperação nos PALOP como, por exemplo, apoiar continuamente uma escola envolvendo a comunidade. Isto levaria muitos outros a dar de si antes de pensar em si".
Em defesa da educação
Manuel Patrício
Manuel Patrício Manuel Patrício, ex-Reitor da Universidade de Évora, dirigiu-se mais uma vez aos rotários, desta vez para falar de educação: "Não é possível conceber o Homem sem educação. Mas esta não pode significar adestramento, amestramento, endoutrinamento e muito menos lavagem cerebral". Sempre com o conceito de personalização bem presente, Manuel Patrício defende que educar é ajudar o outro a tornar-se pessoa. No entanto, acredita que "a educação está sem rumo, carece de estratégia entre nós. Aposta-se no que é quantitativo em prejuízo do que é qualitativo. A disciplina escolar deixa muito a desejar e impera o facilitismo.
O problema da educação não é solucionável fora da resolução de todos os outros problemas sociais. É integralmente sistémico". O ex-Reitor lembrou os riscos e as vantagens de uma educação globalizada e defende que "deve gerir-se cuidadosamente a globalização. A educação deve representar o esforço da humanidade para a sua dignificação. A vida dos Homens deve ser verdadeiramente humana e não o está a ser".
Cooperação
Chris Gerry
Chris Gerry Chris Gerry, presidente da Escola de Ciências Humanas e Sociais da UTAD apresentou aos rotários alguns dos princípios da cooperação: "Coopera-se através da partilha altruística e harmoniosa de recursos, activos, competências e /ou oportunidades. Cooperação é complicada, complexa, contraditória".
Texto daqui - Fotos daqui

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